O potencial está no digital

hero_BNP Paribas Cardif e Magalu: como renovação da parceria vai transformar a oferta de seguros em um negócio bilionário

Lu da Magalu Magazine Luiza (Reprodução/Magalu)

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BNP Paribas Cardif e Magalu: como renovação da parceria vai transformar a oferta de seguros em um negócio bilionário

Varejista e seguradora estenderam acordo até 2033 e acertaram a venda da Luizaseg; agora o plano é digitalizar para crescer

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BNP Paribas Cardif e Magalu: como renovação da parceria vai transformar a oferta de seguros em um negócio bilionário

Varejista e seguradora estenderam acordo até 2033 e acertaram a venda da Luizaseg; agora o plano é digitalizar para crescer

Lu da Magalu Magazine Luiza (Reprodução/Magalu)

Por Raquel Brandão

Publicado em 11/05/2023, às 20:45.

Última atualização em 09/08/2023, às 16:14.

O potencial está no digital

O Magazine Luiza (MGLU3) pode estar mais perto de voltar a lucrar e a renovação do contrato de exclusividade com a BNP Paribas Cardif do Brasil vai ajudar nisso. A parceria começou ainda na primeira metade dos anos 2000 com serviço de garantia estendida para geladeiras, televisores ou celulares, por exemplo, vendidos nas lojas. Agora, deve focar muito mais no digital, de olho em um canal que já responde por 70% das vendas do Magalu, mas que representa um dígito baixo dos seguros vendidos.

Nesta quinta-feira, 11, a varejista informou que vai receber em até 30 dias R$ 850 milhões pela renovação do contrato de exclusividade até 2033, um reforço de caixa importante. Esse acordo venceria só ao fim de 2025. Outros R$ 160 milhões virão da venda dos 50% que a varejista detinha na Luizaseg, basicamente responsável pela venda de apólices de garantia estendida e que, no quarto trimestre teve um lucro líquido de R$ 19,6 milhões mas a seguradora é só uma fatia da operação de seguros. A transação depende da aprovação do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). 

"Estou adiantando o que esperamos vir de vendas no futuro. Espero que o Magalu venda muitos bilhões de seguros nos próximos anos e, por isso, eu adianto uma parte do que eu sei que vai vir. Eu sei porque já fomos do zero para bilhões e isso só no mundo físico. Agora a grande expectativa é um crescimento importante no mundo digital", afirma Sheynna Hakim, CEO do BNP Paribas Cardif Brasil. Além do montante antecipado pela renovação do contrato, a varejista pode receber pagamentos extras conforme cumprimento de metas o que a equipe do Santander projeta ter potencial de pagamentos relevantes.

"Pela ambição que a gente tem, o número é praticamente zero", acrescenta Carlos Mauad, que assumiu a fintech do Magalu em abril, depois de deixar o comando do Banco Carrefour. Hoje o braço financeiro do Magalu, além da operção de seguros em a parceria com o BNP Paribas Cardif Brasil, tem um pilar de pagamentos, que atende aos vendedores do marketplace, o pilar  de crédito, que é o de concecessão direta ao consumidor e a Luizacred, que é uma empresa em parceria com o Itaú.

Venda de seguros como ganho de tração para a operação do grupo

Não é à toa a animação dos executivos. Ano passado, a empresa vendeu 12 milhões de apólices de seguros, sendo apenas quatro milhões do Luizaseg. "Ano passado, vendemos a título de prêmio de seguros R$ 1,3 bilhões. Supondo que a margem de contribuição seja de 40%, isso representaria de margem bruta R$ 520 milhões, por exemplo. É um negócio super relevante, não importa de que ponto de vista se olhe. Até porque é um custo super baixo para vender: a loja já está lá e o vendedor também. A ambição daqui para frente é acelerar isso com o digital."

Para os dois parceiros o negócio de vendas de seguros é positivo pela capacidade "cross selling". Ou seja, uma venda puxa a outra e aumenta a rentabilidade de todo o negócio. Entre os produtos transacionais, explica Hakim, estão a garantia estendida e seguro contra queda, roubo e furto de celular. Já o "Casa Protegida" tem caráter complementar: se existe uma compra para item de casa, existe uma residência que pode precisar de proteção contra algum sinistro. A seguradora também oferece produto de proteção para tomada crédito. "O 'Super Protegido' quita a dívida do cartão em caso de perda de emprego ou falecimento", explica a executiva.

Melhoria também para o balanço do Magazine Luiza

Como dito, a renovação antecipada pode ajudar no balanço da empresa, levando a varejista de volta para o campo positivo na linha final do balanço.

A previsão de reforço de R$ 1 bilhão ao caixa do Magazine Luiza foi bem-recebida pelos analistas dos bancos de investimento. "Acreditamos que os recursos deste acordo (até R$ 1 bilhão) seriam de grande ajuda para o Magazine Luiza neste ambiente de alto custo de capital", escreveu o Itaú BBA. Nesse mesmo sentido, a equipe do Santander diz que a renovação antecipada "mostra uma gestão proativa e abre novos caminhos para a participação nos lucros."

De acordo com o banco de origem espanhola, a oportunidade de monetização é certeira com o momento de juros altos. "A empresa e seus consultores financeiros potencialmente garantiram R$ 1 bilhão por meio deste negócio, o que não esperávamos, e prevemos que isso reduzirá sua alavancagem para menos de R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre deste ano (de R$ 4,4 bilhões no quarto trimestre de 2022). Esse movimento estratégico deve ajudar o Magalu a voltar ao lucro líquido positivo antes do previsto, em nossa visão." A varejista divulga seu resultado do primeiro trimestre na próxima segunda-feira, 15.

Veja também

Seguros de danos: setor em crescimento

Os seguros de danos apresentaram crescimento de 21% na arrecadação de prêmios de janeiro de 2023 quando comparado ao mesmo mês de 2022, segundo a SUSEP. Em todo o ano passado, esse segmento teve crescimento de 26,5% na arrecadação de prêmios.

No ano de 2022, foram arrecadados R$114,07 bilhões, contra R$ 90,20 bilhões arrecadados no ano de 2021. Os números gerais consideram o segmento de automóveis. Sem ele, as demais linhas de negócio dos seguros de danos ficaram 21,7% acima  ao ano de 2021, apresentando crescimento de R$ 11,25 bilhões na arrecadação de prêmios.

Já a sinistralidade melhorou em 2022. Foi de 42,6% em dezembro, contra 69,48% de um ano antes.

Receita em reais de seguros de danosem janeiro

Receita em reais de seguros de danosem janeiro

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Créditos

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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