O oásis na então deserta praia de Copacabana
Não são poucos os hotéis de luxo pelo mundo, mas há uma centena de propriedades que são lembradas logo de cara quando uma cidade é citada. O Plaza, em Nova York, o Ritz em Paris, o Burj Al Arab, em Dubai e o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, que neste ano comemora seu centenário.
“O Copa é realmente a grand dame da América do Sul. Tem uma alma extraordinária e oferece um nível alto e único de gastronomia”, comenta Ulisses Marreiros, General Manager do Copacabana Palace.
Em 13 de agosto de 1923, o hotel era inaugurado na então deserta praia de Copacabana. A construção de 12 mil metros quadrados era um marco para a época e tinha o intuito de celebrar o centenário da independência do Brasil, a pedido do então presidente Epitácio Pessoa. Construído pelos empresários Octávio Guinle e Francisco Castro Silva e pelo arquiteto francês Joseph Gire, que buscou inspirações em hotéis de seu país como o Negresco, de Nice, e o Carlton, de Cannes.
Na inauguração, estiveram presentes a nata carioca e internacional, como a atriz francesa Jeanne Bourgeois, conhecida como Mistinguett. Passagens de diversas celebridades marcaram a história do edifício, das apresentações de Edith Piaf, Ella Fitzgerald e Nat King Cole no Golden Room, a primeira casa de espetáculos da América Latina.
Também se hospedaram por lá Lady Di, Walt Disney, Elton John, Mick Jagger e Viola Davis. A atriz norte-americana esteve no Copacabana Palace no final do ano passado lançar o filme “A Mulher Rei”. Dentre presenças constantes no local está o cantor e compositor Jorge Ben, que é morador do hotel.
Ao longo de dez décadas, histórias fantásticas ocorreram nos quartos e corredores do hotel, como a passagem do diretor e ator americano Orson Welles em 1942 para filmagens do inacabado "It's All True".
Durante a hospedagem, em um ataque de raiva após uma briga com a namorada pelo telefone, Welles começou a jogar os itens do quarto pela janela, incluindo a cama e seu instrumento de trabalho, uma máquina de escrever. Abaixo, áreas do hotel precisaram ser evacuadas para evitar acidentes.
100 anos mais tarde
São oito tipos de acomodação disponíveis, com valores que partem de R$ 3,763, como um apartamento de 30 metros quadrados com vista para a cidade, até a Signature Suite, com diária de R$ 28,902. O apartamento de 117 metros quadrados, conta com vista para o mar, sala de estar e piscina.
Dentre os hóspedes, os brasileiros são cerca de 40% dos clientes, outras nacionalidades que mais se hospedam estão americanos, ingleses, alemães e franceses.De mão em mão, hoje a propriedade faz parte do grupo Belmond, adquirido pelo conglomerado de luxo LVMH em 2018. O portfólio do grupo conta com hotéis em 17 países, com oito restaurantes pelo mundo. No Brasil, o Mee e o Ristorante Hotel Cipriani, ambos localizados no Copacabana Palace, são administrados pelo grupo. O histórico prédio é tombado nas esferas municipal (em 2008), estadual (2003) e federal (1986).
Atualmente, a administração do hotel é feita pelo gerente português Ulisses Marreiro. “O Copa, além de ser um hotel próspero, que proporciona boas experiências aos seus clientes e gera valor para todos os que vivem à sua volta, é também uma instituição carioca e brasileira, um ícone da hotelaria mundial”, diz.
A entrada de Ulisses no cargo aconteceu há dois anos, durante a pandemia. “A pandemia talvez tenha sido um dos maiores desafios que o hotel já teve, pois fechou as portas pela primeira vez. O mercado brasileiro é super resiliente, foi o destino que mais rapidamente voltou a níveis interessantes de ocupação entre todos os hotéis que operamos”, diz.
Antes de colocar os pés em Copacabana, Marreiros passou pelos hotéis Quinta do Lago, então propriedade do Orient-Express (companhia que hoje é a Belmond), o One&Only Reethi Rah, nas Maldivas, “que marcou muito o que temos de visão sobre as Maldivas até hoje e onde tive acesso ao mundo ultra luxury”, comenta. Então, retornou a Portugal com passagens por alguns hotéis, onde ficou até 2020 como Gerente Geral do La Residencia.
A comemoração do centenário
Em fevereiro, durante o Carnaval, as redes sociais foram tomadas por cliques e vídeos feitos no hotel durante o Baile do Copa. O tema da festa “Túnel do Tempo 1923-2123”, é claro, comemorou o centenário e os próximos 100 anos do local. Dentre os convidados a modelo, Iza Goulart, rainha do baile deste ano.
“Apesar de ser um grande evento tradicional do Rio de Janeiro, o Baile do Copa é relevante no Brasil e no mundo, capaz de traduzir as raízes e costumes das festividades carnavalescas, além de já ter tido mulheres incríveis e admiráveis no posto de Rainha. Ter sido escolhida como Rainha no ano do centenário é realmente muito especial”, comenta Goulart.
Quem pôde desembolsar de R$ 2.950 a R$ 4.500, assistiu às atrações do evento como o Cordão da Bola Preta, Baile do Serjão Loroza, banda, e DJ Ronnie Borges e Carol Emmerick.
Durante todo o ano acontecerão outros eventos no hotel. Os restaurantes receberão importantes chefs convidados e eventos gastronômicos, enquanto o já prestigiado “Master Series”, uma série de eventos que traz renomados chefs para cozinhar ao lado dos chefs da casa, receberá grandes nomes da culinária internacional para pela primeira vez na história.
No início de fevereiro, foram convidados os chefs de cozinha peruanos Virgilio Martínez e Pía León, do premiado restaurante Central, para comandarem um jantar no hotel. Por R$ 1.750,00 os convidados puderam provar pratos com ingredientes típicos dos entornos peruanos como algas, cacau e frutos do mar.
Já em agosto, mês que marcará o centenário oficial do Copacabana Palace, será feita mais uma festa, com detalhes ainda não revelados.
O centenário do Copa também será marcado pelo lançamento de um livro, que deve acontecer no fim de 2023. Histórias não irão faltar.
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Créditos
Júlia Storch
Repórter de Casual
Formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduada em Culturas Digitais pela Universidade de Maastricht. Escreve sobre cultura e lifestyle desde 2015, na EXAME desde 2020. Foi repórter na revista ELLE Brasil.