Vacina anti-HIV: dezenas de imunizantes candidatos foram testados e descartados nas últimas década (Javier Zayas Photography/Getty Images)
A única vacina contra o HIV que ainda estava em testes clínicos em estágio avançado provou ser ineficaz, anunciou a Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, na quarta-feira, 18.
O mais recente fracasso num campo há muito marcado pela falha em pesquisas e tecnologias causou comoção no mundo científico. Para ter uma ideia, a vacina da Janssen estava colhendo resultados dos testes na fase 3, contudo, os dados mostraram que o imunizante é seguro, mas ineficaz na prevenção de infecções.
Chamada de Mosaico, a pesquisa da Janssen começou em 2019 e foi concluída em outubro de 2022. Participaram 3,9 mil homens cisgêneros e pessoas trans com idades entre 18 e 60 anos. Os testes foram realizados em nove países, incluindo o Brasil.
Os voluntários receberam dois tipos diferentes da vacina experimental, que usa um vírus causador de resfriado (adenovírus 26) para entregar o código genético do HIV ao corpo humano, com o objetivo de induzir resposta imune. Foram administradas quatro doses ao longo de um ano — as duas últimas continham uma mistura de proteínas solúveis.
"A análise do Mosaico, com base nos dados disponíveis até o momento, indicou que o regime não protege contra o HIV e não se espera que o estudo atinja seu objetivo primário. Não foram identificados problemas de segurança com o esquema vacinal, disse a Janssen em um comunicado nesta semana.
Ainda assim, outras opções em testes em estágio inicial podem oferecer esperança na luta da ciência contra o HIV.
Um estudo em curso na África Oriental e Austral, chamado PrEPVacc, está avaliando uma combinação de vacinas experimentais contra o HIV e medicamentos preventivos.
Os cientistas avançaram no desenvolvimento de anticorpos poderosos que podem neutralizar o vírus. E estão testando novas tecnologias de vacinas, incluindo de mRNA, contra o HIV.
Outra frente contra o HIV são drogas poderosas que podem suprimir o vírus em indivíduos infectados. Existem várias opções disponíveis para evitar a infecção: pílulas orais e injeções administradas a cada dois meses já estão aprovadas nos Estados Unidos, por exemplo, e uma injeção que só precisaria ser administrada a cada seis meses está em fase final de testes.