Redação Exame
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 14h31.
Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 14h58.
Uma nova pesquisa conduzida por uma equipe internacional liderada pelo Instituto Max Planck de Pesquisa do Sistema Solar (MPS) revelou que estrelas semelhantes ao Sol produzem gigantescas explosões de radiação, conhecidas como superflares, aproximadamente uma vez a cada século.
Esses eventos liberam energia equivalente a mais de um trilhão de bombas de hidrogênio, colocando até mesmo as maiores explosões solares já registradas em uma escala menor.
O estudo, publicado em 13 de dezembro de 2024 na revista Science, analisou dados de 56.450 estrelas parecidas com o Sol coletados pelo telescópio espacial Kepler, da NASA, entre 2009 e 2013. Os pesquisadores identificaram 2.889 superflares, indicando que essas explosões são de 10 a 100 vezes mais frequentes do que se pensava.
Para garantir a precisão dos resultados, os cientistas selecionaram estrelas com temperatura e brilho similares aos do Sol, descartando fontes de erro como radiação cósmica e asteroides. “Essa abordagem permitiu estimar a frequência desses eventos com uma sensibilidade sem precedentes”, explicou o autor principal do estudo, Dr. Valeriy Vasilyev.
Os resultados indicam que, embora o Sol seja temperamental, ele pode estar sujeito a eventos dessa magnitude. Evidências anteriores, como a concentração de isótopos radioativos em anéis de árvores e camadas de gelo milenares, sugerem que explosões solares extremas ocorreram no passado, mas com frequência inferior ao observado em estrelas distantes. O estudo levanta a possibilidade de que esses eventos solares tenham sido subestimados.
Durante eventos como o Evento Carrington de 1859, uma das tempestades solares mais intensas já documentadas, a infraestrutura terrestre, como redes telegráficas, foi severamente impactada. Em escala moderna, superflares poderiam causar danos ainda mais devastadores, especialmente a satélites e sistemas elétricos.
“O estudo reforça que superflares são parte natural do repertório solar, mas prever esses eventos é essencial para mitigar seus efeitos,” afirmou Dr. Natalie Krivova, do MPS. Com isso em mente, a missão Vigil, da ESA, programada para 2031, ajudará a detectar sinais precoces de atividade solar perigosa, permitindo ações preventivas.
Esse novo entendimento sobre o comportamento do Sol e de suas “estrelas-irmãs” ressalta a necessidade de monitoramento constante e do desenvolvimento de tecnologias para proteger a Terra de fenômenos cósmicos de alta energia.
Superflares representam uma ameaça gigantesca devido à imensa quantidade de energia liberada em curtos períodos. Estes eventos têm o poder de liberar mais de um octilhão de joules de energia, equivalendo a bilhões de bombas de hidrogênio explodindo simultaneamente. Quando uma superflare ocorre em uma estrela como o Sol, os impactos podem ser sentidos tanto no espaço quanto na Terra.
Na Terra, os efeitos imediatos incluem tempestades geomagnéticas severas, capazes de sobrecarregar redes elétricas, danificar transformadores e deixar cidades inteiras sem energia por longos períodos. Satélites em órbita, fundamentais para comunicações globais, navegação e monitoramento climático, seriam alvos diretos das partículas de alta energia, correndo o risco de sofrer danos irreparáveis em seus circuitos.
Além disso, os astronautas no espaço seriam expostos a níveis perigosos de radiação, enquanto na Terra, partículas altamente energéticas poderiam aumentar a radiação em altitudes elevadas, afetando passageiros e tripulações de voos comerciais.
Num cenário em que a infraestrutura depende de tecnologias interconectadas, uma superflare poderia causar um colapso global de telecomunicações, prejudicar a economia e demandar décadas para recuperação completa.