Ciência

SpaceX aposta em primeira viagem tripulada à Estação Espacial em 2019

O primeiro voo tripulado da Crew Dragon será realizado após um teste em novembro, sem tripulação, para receber o aval da Nasa

SpaceX: Nasa aposta na empresa, que desenvolve novo projeto de transporte comercial (Mike Blake/Reuters)

SpaceX: Nasa aposta na empresa, que desenvolve novo projeto de transporte comercial (Mike Blake/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 17h03.

Os americanos Bob Behnken e Doug Hurley, velhos amigos, viajarão no primeiro voo tripulado de uma nave comercial da SpaceX à Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) em abril de 2019.

O primeiro voo tripulado da Crew Dragon será realizado após um teste em novembro, sem tripulação, para receber o aval da Nasa. Contará também com mais dois astronautas, Mike Hopkins e Victor Glover.

Behnken e Hurley começaram juntos na Nasa há 18 anos e ajudaram a construir a ISS, para a qual voltarão agora em uma nova nave.

"Poder conduzir o primeiro voo como piloto de teste é uma oportunidade que só acontece uma vez na vida, por isso, obviamente, estou muito grato", declarou Hurley junto a seus companheiros em frente à nova nave na sede da SpaceX em Hawthorne, na Califórnia. "Mas também devo dizer que falta muito trabalho a ser feito".

A Nasa não envia astronautas por conta própria ao Espaço desde 2011, quando encerrou seu programa de naves espaciais depois de 30 anos. Agora aposta em duas empresas privadas, Boeing e SpaceX, que desenvolvem o novo projeto de transporte comercial.

Nos últimos sete anos dependeu da Rússia para enviar tripulações à ISS em cápsulas Soyuz, para o qual desembolsa 80 milhões de dólares por assento.

A cápsula Crew Dragon está sobre uma plataforma azul em uma sala fechada por paredes de vidro localizada em uma gigantesca oficina da empresa fundada por Elon Musk.

Um simulador dá uma ideia mais clara de como será a cápsula tipo Soyuz, que é lançada a bordo de um foguete. Três telas irão mostrar a localização da nave em relação à Terra, ao Sol e à ISS, ou seja, a evolução da missão.

No entanto, a operação será comandada da Terra. A tripulação só tomará o controle em caso de emergência.

"Até estarmos prontos"

Um relatório emitido em julho por um auditor do governo dos Estados Unidos informou que era improvável que Boeing e SpaceX fossem capazes de enviar astronautas à ISS em 2019, o que daria lugar a uma possível ausência do país no laboratório orbital.

"Prever datas de lançamentos pode converter os melhores de nós em mentirosos. Espero não ser prova disso", disse a presidente da SpaceX, Gwen Shotwell, ao confirmar o cronograma previsto.

"Não vamos voar até estarmos prontos para levar estes rapazes de forma segura", advertiu. "Temos que mostrar que esse veículo é capaz de levar astronautas do solo americano tantas vezes quanto a Nasa nos permitir fazer", indicou a executiva, que defendeu a ideia de carregar combustível com a tripulação a bordo.

Aproveitar a paisagem

O programa é desenvolvido em um momento no qual o governo do presidente Donald Trump anunciou que criará uma força militar espacial.

"As discussões e considerações para uma força espacial estão ocorrendo em níveis muito superiores a qualquer um de nós aqui", afirmou Hopkins. "Veremos em breve", pontuou.

Além de pilotar pela primeira vez a Dragon, que já fez 15 missões de carga não tripuladas, os astronautas estrearão um novo traje, que será composto por uma peça única branca ajustada ao corpo, com botas e luvas cinzas e um capacete mais leve.

Behnken e Hurley, de 48 e 51 anos respectivamente e ambos padrinhos do casamento um do outro, estiveram envolvidos no desenho do traje espacial pelo fato de já terem usado vários.

"Alguns eram muito pesados, com muito metal. Às vezes era difícil ver pelo desenho do capacete (...), levaram em conta esses comentários e projetaram o traje", declarou Hurley. "E também é bonito, o que não era um requisito, mas com certeza gostamos".

Uma vez no Espaço, onde poucos chegaram, Hurley espera poder ter um tempo e contemplar a paisagem: "As missões eram tão coreografadas que nunca havia um momento para olhar" pela janela.

E, claro, tendo participado da construção da ISS "é emocionante voltar e vê-la terminada e em completo funcionamento, ver como mudou desde então".

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