Ciência

Rússia e China fecham acordo para construir estação na Lua

Em um comunicado, a agência espacial russa Roskosmos destacou que o projeto da "Estação Científica Lunar Internacional" com a agência espacial chinesa CNSA estará aberto a "todos os países interessados"

Lua (Alexander Rieber/Getty Images)

Lua (Alexander Rieber/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de março de 2021 às 20h39.

A agência espacial russa, Roskosmos, anunciou nesta terça-feira (9) a assinatura de um memorando com a China para construir conjuntamente uma estação "na superfície ou na órbita" da Lua.

Em um comunicado, Roskosmos destacou que o projeto da "Estação Científica Lunar Internacional" com a agência espacial chinesa (CNSA) estará aberto a "todos os países interessados e parceiros internacionais".

No entanto, o texto não forneceu nenhum calendário ou os valores investidos na iniciativa.

Segundo Roskosmos, Rússia e China estabelecerão um "roteiro" e terão uma "estreita colaboração" para finalizar o projeto.

"A Estação Científica Lunar Internacional consistirá em um conjunto de ferramentas experimentais de pesquisa criada na superfície ou na órbita da Lua e desenvolvida para realizar trabalhos multidisciplinares", diz o comunicado.

Este anúncio ocorre em um momento em que a Rússia parece estar atrás nos inúmeros projetos espaciais de outros Estados ou de empresas privadas.

A agência russa acrescenta em seu comunicado que o projeto também permitirá a avaliação de tecnologias que permitam operações "não tripuladas", tendo em vista a presença humana na Lua.

Por sua vez, a Administração Espacial Chinesa ressaltou que terá como objetivo "promover a exploração pacífica e a utilização do espaço por toda a humanidade".

No Twitter, o chefe da Roskosmos, Dmitry Rogozin, convidou nesta terça-feira Zhang Kejian, o diretor da CNSA, a participar do lançamento, previsto para outubro, do módulo lunar russo Luna 25.

Muitos programas que têm como objetivo a Lua são considerados também como bancos de prova para Marte, do mesmo modo que o americano Artemis.

No ano passado, a Rússia perdeu seu monopólio dos voos tripulados para a Estação Espacial Internacional após a primeira missão deste tipo realizada com sucesso pela empresa americana Space X, que planeja um voo para a Lua a partir de 2023.

Apesar de se beneficiar de uma vasta experiência e de equipamentos projetados de forma confiável que datam do período soviético, o setor espacial russo sofre de dificuldades para inovar, bem como de financiamento e corrupção.

Os sucessos de Moscou, no entanto, continuam sendo uma fonte de grande orgulho para os russos, em particular em torno da figura de Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço, cuja famosa missão celebrará seu 60º aniversário em abril.

Este novo projeto lunar, se concretizado, poderá colocar Moscou de volta na corrida com a ajuda de um parceiro que não esconde suas ambições espaciais, no momento em que os Estados Unidos planejam construir o Lunar Gateway (LOP-G), a futura mini-estação que será montada em órbita lunar.

"É realmente importante e uma contrapartida interessante para o projeto LOP-G liderado pelos Estados Unidos", comentou à AFP o analista chinês independente Chen Lan, da GoTaikonauts.com.

Segundo ele, seria o "maior projeto de cooperação internacional" da China no espaço.

Em meados de fevereiro, a China, uma potência espacial em formação, colocou sua sonda "Tianwen-1" em órbita ao redor de Marte, a primeira para o país, realizada quase sete meses após seu lançamento em julho.

Em dezembro, também trouxe de volta amostras da Lua, durante uma primeira missão deste tipo em mais de 40 anos.

Por sua vez, os Estados Unidos pousaram com sucesso um quinto veículo em Marte no final de fevereiro.

Sob o comando do ex-presidente Donald Trump, Washington definiu o retorno dos americanos à Lua em 2024 como parte do programa Artemis.

De sua parte, Joe Biden, embora apoiasse o programa Artemis, ainda não nomeou um administrador permanente para a NASA, nem forneceu uma visão precisa de sua política espacial.

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