Ciência

Risco de radiação espacial aumenta para passageiros de avião

Uma pesquisa revela que a exposição à radiação espacial, quase inevitável em viagens que sobrevoam os polos, equivale a um exame de raio X do tórax

Viagens de avião: essa radiação pode levar à modificação do DNA, produzir radicais químicos que podem alterar o funcionamento das células e aumentar o risco do desenvolvimento de câncer (Darrin Zammit-Lupi/Reuters)

Viagens de avião: essa radiação pode levar à modificação do DNA, produzir radicais químicos que podem alterar o funcionamento das células e aumentar o risco do desenvolvimento de câncer (Darrin Zammit-Lupi/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de maio de 2017 às 16h23.

Denver - Os passageiros de avião, especialmente os que viajam com frequência e realizam viagens longas, enfrentam um risco cada vez maior de ficarem expostos à radiação de partículas do espaço, e esse perigo aumentará nos próximos anos, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira.

Uma pesquisa da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, revela que a exposição à radiação espacial, quase inevitável em viagens que sobrevoam os polos, equivale a um exame de raio X do tórax.

A autora do estudo, Delores Knipp, indica que, para além dos riscos e desconfortos próprios das viagens de avião, que vão desde ações terroristas até ser retirado à força da aeronave, os passageiros agora deverão se preocupar com a radiação proveniente do espaço, que pode levar à modificação do DNA, produzir radicais químicos que podem alterar o funcionamento das células e aumentar o risco do desenvolvimento de câncer.

Durante a próxima década, para a qual está prevista uma diminuição da atividade solar, o problema aumentará e, por isso, mais partículas do espaço chegarão à Terra sem serem desviadas pelo sol ou pelo vento solar, de acordo com o estudo.

Os pilotos de companhias aéreas americanas "estão suficientemente preocupados para assistirem a conferências (sobre o clima espacial) porque conhecem as pesquisas mais recentes sobre radiação em aviação", afirmou Knipp em seu estudo.

A autora explicou que suas pesquisas começaram quando ela relacionou o iminente início do chamado "ciclo solar mínimo", que dura aproximadamente 22 anos, durante os quais a atividade solar se reduz, com a capacidade dos raios cósmicos de penetrarem no interior das aeronaves.

Knipp usou pesquisas realizadas anteriormente pela NASA, a agência espacial dos EUA, bem como medições feitas por balões aerostáticos sobre a radiação que chega à Terra e modelos desenvolvidos por computadores, para determinar que as partículas espaciais criam uma "chuva de partículas" com alta energia quando entram no avião.

"No futuro, os cientistas necessitam transformar o conhecimento que obtivemos em medidas padronizadas e práticas para avaliar o impacto na saúde a longo prazo em tripulantes e passageiros", comentou a pesquisadora.

Além disso, Knipp disse que as companhias aéreas deverão se preparar para uma "maior exposição à radiação espacial", o que poderia levar a mudanças nas rotas e a cancelar alguns dos 100 mil voos diários em todo o mundo para evitar uma superexposição a essa radiação.

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