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Remédio de artrite combinado com remdesivir reduz mortes por covid-19

Medicamento da farmacêutica Eli Lilly apresentou bons resultados quando combinado ao remdesivir

Remédios: tratamentos com medicações já existentes podem facilitar luta contra covid-19 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Tamires Vitorio

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 15h50.

Última atualização em 8 de outubro de 2020 às 16h09.

A farmacêutica americana Eli Lilly está fazendo testes de sua medicação contra artrite reumatóide em casos do novo coronavírus e, segundo resultados divulgados nesta quinta-feira, 8, o Baricitinib, combinado com o remdesivir , da Gilead Sciences, foi capaz de reduzir as mortes por covid-19 em até 35%.

Os resultados, publicados no site oficial da farmacêutica, apresentam números animadores. O teste, chamado de ACTT-2, demonstrou que os voluntários tratados com a combinação das medicações tiveram o tempo de internação diminuído de oito para sete dias, com uma melhora de 12,5% nos quadros. Segundo a empresa, no 15º dia de internação, as chances de um paciente ter uma melhora no quadro era 30% maior do que quando era tratado somente com o remdesivir.

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Ao contrário da medicação da Gilead Sciences, que tem melhores resultados no início da doença quando administrada sozinha, a combinação Baricitinib apresentou ainda mais benefícios em pacientes que necessitam de oxigênio suplementar e ventilação não invasiva, sendo que, quando combinados, os medicamentos reduziram a mortalidade de quadros graves de 60% a 43% no 29º dia da doença.

A Eli Lilly afirmou no documento que uma versão revisada por pares do estudo deve ser publicada em breve, bem como a análise completa dos resultados.

A Eli Lilly na corrida contra a covid-19

Na tarde desta quarta-feira, 7, a farmacêutica americana também entrou com um pedido ao Food and Drug Administration (FDA), análogo à Anvisa, para que seu tratamento de anticorpos seja aprovado de forma emergencial após testes mostrarem benefícios do coquetel.

O tratamento com base no anticorpo monoclonal combina de forma sintética uma das armas mais poderosas do sistema imunológico. Para os testes dessa opção, a Eli Lilly recrutou cerca de 268 pessoas que estavam infectadas com a covid-19, mas não haviam sido internadas — segundo a empresa, foi observado que o uso desse tratamento reduziu a carga viral em amostras nasais dos pacientes depois de 11 dias. 112 dos voluntários receberam 2,8 gramas de cada um dos dois anticorpos utilizados no coquetel e outros 156 receberam um tratamento de placebo.

Outro tratamento, com base em apenas um anticorpo, pode ter até 1 milhão de doses fabricadas até o quarto trimestre deste ano; enquanto o coquetel deve ter cerca de 50.000 unidades produzidas no mesmo período, no caso de aprovação emergencial.

Mais pesquisas devem ser feitas para entender melhor a funcionalidade dos tratamentos.

Quais são as fases necessárias para comprovar a eficácia de um tratamento?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.

Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras e o distanciamento social, ainda precisam ser mantidas. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina. Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.

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