Ciência

Qual é o som da maior lua do sistema solar?

O principal investigador da missão Juno da Nasa, Scott Bolton, produziu uma gravação de áudio da atividade do campo magnético ao redor da lua de Júpiter, Ganimedes

Ilustração do planeta Júpiter acompanhado de uma de suas luas. (Nasa/JPL-Caltech/Reprodução)

Ilustração do planeta Júpiter acompanhado de uma de suas luas. (Nasa/JPL-Caltech/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2021 às 11h50.

Última atualização em 31 de dezembro de 2021 às 12h45.

Você pode até pensar que as luas são silenciosas se comparadas aos seus planetas hospedeiros, mas isso não é totalmente verdade -- principalmente se você souber ouvir. O principal investigador da missão Juno da Nasa, Scott Bolton, produziu uma gravação de áudio da atividade do campo magnético ao redor da lua de Júpiter, Ganimedes, enquanto a espaçonave Juno passava ao seu redor em 7 de junho de 2021. O clipe de 50 segundos revela uma mudança brusca na atividade da sonda, que entrou em uma parte diferente da magnetosfera de Ganimedes, possivelmente quando deixou o lado noturno para entrar na luz do dia.

O áudio veio da mudança de frequências elétricas e magnéticas para a faixa audível. A magnetosfera de Júpiter domina a de suas luas e está presente no registro, mas Ganimedes é a única lua no Sistema Solar a ter um campo magnético (provavelmente devido ao seu núcleo de ferro líquido).

A trilha sonora fazia parte de um estudo maior de Juno, onde a equipe da missão revelou o mapa mais detalhado do campo magnético de Júpiter. Os dados mostraram quanto tempo levaria para a Grande Mancha Vermelha e a Grande Mancha Azul equatorial se moverem ao redor do planeta (cerca de 4,5 anos e 350 anos, respectivamente). As descobertas também mostraram que correntes de jato leste-oeste estão destruindo a Grande Mancha Azul e que os ciclones polares se comportam de maneira muito semelhante aos vórtices oceânicos na Terra.

Caso você fosse visitar Ganimedes sozinho, possivelmente não ouviria esses sons. No entanto, eles são um lembrete de que mesmo mundos aparentemente 'mortos' estão frequentemente repletos de atividades que você pode detectar usando os instrumentos certos. É apenas uma questão do quão fácil é perceber essa atividade.

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Sons de Marte

Em fevereiro desta ano, a espaçonave Perseverance da Nasa pousou com sucesso em Marte, em busca de indícios de que já houve vida no planeta vermelho.

Na ocasião, a Nasa divulgou sons de Marte pela primeira vez na história, além de um vídeo do pouso da espaçonave na cratera de Jezero, bacia no planeta vermelho onde cientistas acreditam que possa existir algum sinal de vida de bilhões de anos atrás.

O rover Perseverance foi equipado com dois microfones, um para captar o áudio do pouso e outro instalado na câmera do aparelho. O primeiro não conseguiu coletar seus dados corretamente e oficiais da Nasa especulam que houve um erro de comunicação, e não um problema na engenharia, entre o sistema que converte o som para o computador.

Ambos os microfones estão funcionando e vão continuar coletando som por um tempo. O que já teve problemas deve se degradar rapidamente por conta dos fluxos de temperatura no planeta, mas o microfone anexado a câmera é mais resiliente e deve durar mais tempo.

Um fragmento de ruído gravado no dia 20 de fevereiro foi disponibilizado. Nele, é possível ouvir os ventos de Marte soprando a 8 quilômetros por hora.

Escute o som de Marte:

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