Ciência

Planta brasileira pode virar aliada no tratamento da artrite, diz pesquisa

Pesquisa de universidades brasileiras indica que o extrato desta planta reduz inflamações e protege articulações em testes de laboratório

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 08h40.

Pesquisadores de três universidades brasileiras comprovaram que a planta Alternanthera littoralis, tradicionalmente usada na medicina popular, tem ação anti-inflamatória eficaz e protege as articulações em modelos experimentais de artrite. Os testes indicam também que o extrato da planta apresenta perfil de segurança promissor em doses terapêuticas.

O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Estadual Paulista (UNESP). Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Ethnopharmacology.

Do uso tradicional à validação científica

Nativa do litoral brasileiro, a planta é usada há gerações no tratamento de inflamações, infecções e doenças parasitárias. No entanto, até agora, faltavam dados científicos que comprovassem sua eficácia e segurança.

A primeira etapa do estudo foi uma análise química detalhada do extrato etanólico das partes aéreas da planta, liderada pelo farmacêutico Marcos Salvador, do Instituto de Biologia da Unicamp. Depois, a equipe da farmacologista Cândida Kassuya, da UFGD, realizou os testes biológicos para avaliar os efeitos anti-inflamatórios.

Redução de edema e proteção articular

Em modelos experimentais de artrite, o extrato reduziu significativamente os sinais inflamatórios. “Observamos menor edema, melhora nos parâmetros articulares e modulação de mediadores inflamatórios, o que indica ação antioxidante e proteção dos tecidos”, afirma Arielle Cristina Arena, professora da UNESP que coordenou a etapa toxicológica.

Próximos passos antes do uso em humanos

Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores alertam que o extrato ainda não pode ser usado clinicamente. Para isso, serão necessários novos estudos pré-clínicos, ensaios clínicos em humanos, padronização do extrato e aprovação regulatória.

“Os dados sustentam o potencial terapêutico da planta, mas o uso seguro depende de validação completa”, reforça Arena.

Ciência a favor da biodiversidade

O estudo faz parte de uma linha de pesquisa contínua desenvolvida pelas três instituições e financiada pela FAPESP. A proposta é promover o uso racional de produtos naturais, com base científica rigorosa. “Nosso objetivo é valorizar a biodiversidade brasileira e o conhecimento tradicional, mas com critérios técnicos claros de eficácia e segurança”, conclui Arena.

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