Ciência

Pfizer desenvolve vacina contra a covid-19 em pó para facilitar transporte

A versão em pó deve ficar pronta na segunda metade de 2021, substituindo totalmente a congelada já em 2022, diz cientista da companhia

Pfizer: a empresa tenta descobrir formas de facilitar transporte de sua vacina (Frank Augstein/Reuters)

Pfizer: a empresa tenta descobrir formas de facilitar transporte de sua vacina (Frank Augstein/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 14h21.

Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 14h57.

A farmacêutica americana Pfizer pode ter encontrado uma forma de driblar os problemas de transporte que sua vacina desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech contra o novo coronavírus possui: transformá-la em pó. Por utilizar a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA), o imunizante intramuscular precisa ser mantido a temperaturas baixíssimas, de até -75 ºC. Quando em pó, o transporte é facilitado e o composto pode ser armazenado em temperaturas menos intensas.

Em entrevista à revista semanal americana Barrons, Mikael Dolsten, chefe da área de ciência da Pfizer, afirmou que a "nova" vacina já está sendo desenvolvida, ao mesmo passo em que a atualizam para que ela seja eficaz também contra as novas variantes do vírus.

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A versão em pó deve ficar pronta na segunda metade de 2021, substituindo totalmente a congelada já em 2022. Até lá, grande parte do mundo deve estar vacinada, mas Dolsten acredita que as pessoas terão de ser imunizadas novamente após um certo período de tempo.

Isso porque, para ele, a covid-19 não é um problema que deixará de existir da noite para o dia. "Na próxima década vamos precisar considerar a revacinação para manter a proteção, mudando as vacinas rapidamente para atualizá-las", disse ele.

A Pfizer acredita que sua vacina funcionará contra as novas variantes que estão se espalhando mundo afora. Com uma eficácia de 95% contra a covid-19, é provável que o imunizante consiga ser eficaz também na luta contra as mutações do vírus — pelo menos por enquanto.

As projeções para o futuro, no entanto, são menos otimistas. "Acredito que o número de mutações que acumulamos nesse período curto de tempo mostra que é bastante racional assumir que com um certo período de tempo — pode ser um ano, dois anos — as vacinas atuais, todas elas, vão perder sua atividade. Elas não ficarão inativas do dia para a noite, mas vão perder gradualmente", disse.

Apesar disso, Dolsten defende que a Pfizer conseguirá se adaptar rapidamente às mutações, atualizando a vacina conforme necessário. Em média, uma nova versão da vacina deve demorar cerca de duas semanas para ser criada. Os testes em humanos, caso sejam obrigatórios nesse caso, podem demorar "alguns meses".

Para lidar com as novas variantes de forma mais rápida, Dolsten acredita que as agências reguladoras terão de permitir as atualizações nas vacinas somente com dados de testes pré-clínicos, "como fazem com as vacinas da gripe", e sem testes em humanos.

A grande questão para Dolsten é: "As vacinas terão de ser atualizadas antes da revacinação da vacina atual ou depois?". Pergunta que ninguém (pelo menos até o momento) sabe a resposta.

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