Pesquisa propõe tratar incontinência urinária com células-tronco
Problema que atinge de 35% a 45% das mulheres na faixa dos 50 anos poderá ser tratado de forma ambulatorial e, possivelmente, com menos custos
Letícia Naísa
Publicado em 5 de outubro de 2018 às 18h53.
São Paulo — A incontinência urinária por esforço é um problema que afeta pessoas no mundo todo, especialmente as mais idosas. Causada por envelhecimento dos músculos e tecidos e também pelo trauma do parto, o problema gera constrangimento principalmente para as mulheres.
Uma possível solução inovadora para o problema surge de uma pesquisa da Unifesp, em parceria com o Hospital Albert Einstein e o laboratório Stemcorp, que propõe o uso de células-tronco para reconstruir a região afetada.
“O objetivo principal é remodelar os tecidos da uretra que foram lesados”, explica Rodrigo Castro, médico responsável pela pesquisa. “A célula-tronco consegue restabelecer esses tecidos”, diz.
Entre os tratamentos usuais para a incontinência urinária de esforço estão a fisioterapia e a cirurgia. Segundo Castro, o novo método terá menos custos do que os já existentes.
“Se fosse inviável do ponto de vista econômico, não faria sentido a pesquisa”, diz. O método retira células-tronco adultas do próprio paciente, da medula óssea ou de um músculo, e as injeta na uretra da paciente em três sessões. Dez mulheres já fizeram o procedimento.
Uma das voluntárias que está sendo acompanhada há seis meses apresentou melhora de 85%, informa o pesquisador. A meta é realizar a pesquisa com mais 40 mulheres, sendo que 20 delas receberão células-tronco da medula óssea e outras 20 do músculo esquelético.
O estudo está sendo feito apenas com mulheres pois esta é a população mais afetada pela incontinência urinária de esforço. Segundo Castro, a incidência e prevalência do problema varia de 35% a 45% entre mulheres na faixa dos 50 anos.
Um dos pontos positivos do tratamento é a baixa taxa de complicação. “Como é usado o tecido do próprio paciente, não deve haver problema”, afirma.
Uma das vantagens do novo tratamento, segundo o pesquisador, é que ele não exige a internação do paciente.
“Um dos grandes problemas da saúde no país é a falta de leitos, seria melhor poder tratar de forma ambulatorial com célula-tronco para resgatar tecidos lesados”, afirma.