Pegar gripe e covid-19 ao mesmo tempo pode dobrar risco de morte
Riscos de internação na UTI e uso de ventiladores respiratórios também aumentam quando as pessoas apresentam coinfecção
Tamires Vitorio
Publicado em 10 de outubro de 2020 às 11h10.
Contrair gripe e o novo coronavírus ao mesmo tempo pode dobrar o risco de morte, segundo um estudo sem revisão de pares publicado no medRxiv. Os pesquisadores apontam que pessoas que têm os dois vírus ao mesmo tempo tem 5,92% mais risco de morrer do que aqueles que só foram infectados por um deles.
Outra descoberta feita pelos cientistas é que o risco de ter um resultado positivo em um teste de covid-19 quando se está infectado pela influenza é 68% mais baixo --- o que pode sugerir que existe uma competição patogénica entre os dois vírus. Mesmo assim, quando existe infecção pelos dois vírus, a situação piora quase que automaticamente.
Os pesquisadores também apontam que, quando o paciente tem gripe e coronavírus, os riscos de morte, uso de ventiladores respiratórios e admissão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) são maiores. "Se os indivíduos são coinfectados com SARS-CoV-2 e influenza, isso pode levar a quadros mais graves e piores resultados da doença", explicam os autores da pesquisa.
O estudo foi feito com base em dados nacionais de Londres coletados entre os dias 20 de janeiro e 25 de abril, quando era inverno no hemisfério norte. Para estimar os riscos de uma eventual gripe em casos de SARS-CoV-2, análises univariadas e multivariadas foram feitas --- a primeira é uma forma mais básica, enquanto a segunda é mais aprofundada.
Gripe e anticorpos da covid-19
Uma pesquisa recente feita pelo Centro Médico da Universidade de Rochester (URMC), nos Estados Unidos, aponta que pessoas que já contraíram alguns tipos degripeno passado podem estar mais protegidas contra a covid-19. De acordo com os cientistas, as gripes podem ter criado um tipo de proteção para dificultar a infecção pelo SARS-CoV-2.
A pesquisa, publicada na revista científica mBio , aponta que qualquer pessoa que tenha sido infectada por um coronavírus comum (o que contabiliza praticamente todo mundo) pode ter algum grau de imunidade pré-existente à covid-19.