Países estudam arma para evitar 2ª onda de covid-19
O Reino Unido, a Austrália e a Nova Zelândia estão estudando formas de fazer a previsão enquanto reabrem suas economias
Tamires Vitorio
Publicado em 1 de junho de 2020 às 10h26.
Última atualização em 3 de junho de 2020 às 10h04.
A primeira onda da pandemia do novo coronavírus ainda não acabou, segundo a maioria dos especialistas da área de saúde, como acredita o professor e doutor David Dowdy, da Johns Hopkins. "O Brasil ainda está na primeira onda de infecção, assim como os Estados Unidos. Mas, conforme as restrições forem relaxadas, existe a possibilidade de uma segunda onda acontecer", afirmou ele em entrevista à EXAME . Apesar disso, alguns países já estão se preparando para a segunda onda de contágio, ao mesmo tempo em que relaxam as medidas de distanciamento social.
O Reino Unido , a Austrália e a Nova Zelândia estão estudando formas de fazer essa previsão por meio dos dados já observados sobre a sequência genômica da covid-19. Desde a primeira coleta da sequência genética do vírus, divulgada online em 11 de janeiro, mais de 32 mil genomas virais foram coletados ao redor do mundo. E eles podem ajudar a evitar futuros surtos da doença.
A Nova Zelândia é considerada um exemplo na luta contra o vírus. Na última semana, o país da Oceania anunciou que não tinha mais pacientes internados com covid-19 e que nenhum novo caso havia sido registrado. Com uma população de 4,8 milhões de habitantes, o país teve apenas 1.504 infectados e 22 mortes, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os cientistas neo-zelandeses já sequenciaram 25% do total dos casos, mas querem chegar a 70% para ter um entendimento melhor da doença.
Já o Reino Unido, que iniciou a primeira onda da doença tomando medidas pouco efetivas e logo mudou a estratégia ao ver o número de mortos e doentes aumentar expressivamente, está prestes a experimentar a sua reabertura econômica. Por lá, 276.156 pessoas ficaram doentes e 38.571 morreram. Os cientistas britânicos já sequenciaram 20 mil genomas virais, o que, segundo o cientista Nick Loman, da Universidade de Birmingham, representa 10% do total de casos do país.
Com a reabertura e sem uma vacina ou remédio totalmente eficaz, vem a preocupação de novos infectados surgirem. Um estudo de 2017 aponta que os surtos de doenças tendem a ser menores e mais fracos quando o sequenciamento genômico é utilizado no combate.
Na Austrália, antes do vírus chegar ao país, pesquisadores de Melbourne já se prepararam para dar ínicio aos sequenciamentos. Os dados coletados pelos australianos ajudaram a descobrir a verdadeira fonte de exposição de um profissional da área de saúde e provou que o mesmo havia sido infectado em uma festa, e não no hospital onde trabalhava. Em entrevista à revista científica Nature , um dos cientistas afirmou que "a informação previniu a necessidade de uma investigação sobre um possível surto no hospital". A Austrália tem 7.204 casos confirmados e 102 mortes até o momento.
Agora, os cientistas australianos estão usando os dados sobre os genomas para ajudar na reabertura das fronteiras, que estão fechadas desde março, sem aumentar o número de casos.
Segundo a Nature cientistas britânicos e norte-americanos estão trabalhando para sequenciar o vírus. Conforme a SARS-CoV-2 se espalhou pelo mundo e evoluiu em determinas regiões, os pesquisadores podem excluir possíveis linhas de transmissão se duas sequências não forem iguais ou conectá-las em casos positivos. O genoma está sendo usado para monitorar o crescimento dos casos e identificar de onde eles vieram. A revista também aponta que, em alguns lugares onde os diagnósticos são limitados, também haverá um gargalo nos dados. No fim das contas, a alternativa é melhor para os países mais ricos. No Brasil a subnotificação ainda é um problema.
Mais de 6 milhões de pessoas foram infectadas pela covid-19 no mundo todo. 372.501 morreram. Os Estados Unidos seguem sendo o epicentro da doença no mundo, com 1.790.191. Recentemente o Brasil atingiu a péssima marca de segundo país com o maior número de infectados. Por aqui já são 514.849 e quase 30 mil mortos.
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