Ciência

Ozempic reduz risco de demência em pacientes diabéticos, revela estudo

Pesquisa da Universidade de Oxford indica que medicamento pode ter benefícios adicionais para a saúde cerebral além do controle do diabetes

Estudo mostra que o Ozempic ajuda no combate a demência. (NurPhoto /Getty Images)

Estudo mostra que o Ozempic ajuda no combate a demência. (NurPhoto /Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de julho de 2024 às 09h34.

O medicamento Ozempic, da Novo Nordisk, foi associado a taxas mais baixas de demência e outros problemas mentais em um estudo da Universidade de Oxford. A pesquisa aumenta as expectativas sobre os benefícios adicionais do medicamento para diabetes. Após um ano de uso do Ozempic, os pacientes apresentaram um risco 48% menor de desenvolver demência em comparação com aqueles que tomaram sitagliptina, um medicamento mais antigo. As informações são da Bloomberg.

Além disso, os pacientes que usaram Ozempic apresentaram um risco 28% menor de fumar em comparação com aqueles que tomaram glipizida, de acordo com os pesquisadores na revista eClinicalMedicine, do The Lancet. Este estudo é o mais recente de uma série de pesquisas que mostram benefícios potenciais além do controle do diabetes e da perda de peso para a semaglutida, o principal ingrediente do Ozempic e do medicamento para obesidade Wegovy, ambos da Novo Nordisk.

O ensaio de Oxford não designou aleatoriamente os pacientes para tomar Ozempic ou outros medicamentos. Em vez disso, baseou-se em registros médicos de mais de 100.000 pacientes nos EUA e utilizou métodos estatísticos para garantir as comparações mais precisas possíveis. Isso significa que mais pesquisas serão necessárias para confirmar se a semaglutida realmente tem benefícios na redução da disfunção cognitiva ou na influência das taxas de tabagismo em pessoas com diabetes.

A Novo Nordisk está estudando o medicamento como tratamento para a doença de Alzheimer em dois grandes ensaios que devem apresentar resultados no próximo ano. A pesquisa sugere que o Ozempic pode cortar o risco de demência pela metade. Os cientistas estabeleceram o impacto do medicamento no cérebro em um estudo pioneiro e descobriram que ele reduziu o risco de várias condições neurológicas, incluindo demência e doença de Parkinson.

Comparação

Os especialistas compararam o Ozempic a três outros medicamentos comuns para diabetes e descobriram que o medicamento reduziu as taxas de demência em até 48%. O estudo fornece a primeira evidência robusta de que o medicamento pode melhorar a saúde cerebral e proteger contra dependências.

Os pesquisadores também revelaram os potenciais benefícios do medicamento na redução do risco de desenvolver encefalite, uma inflamação cerebral com risco de vida, além de reduzir as taxas de abuso de substâncias, incluindo nicotina e álcool, abrindo a possibilidade de seu uso no tratamento de vícios.

A maior redução no risco foi observada na encefalite. Os usuários de Ozempic tiveram 74%, 65% e 38% menos probabilidade de desenvolvê-la do que aqueles que tomaram glipizida, sitagliptina e empagliflozina, respectivamente. Estudos anteriores também sugerem que as injeções de semaglutida podem ajudar as pessoas a abandonar vícios, reduzindo o risco de uso de nicotina em até 28%, com resultados semelhantes para o abuso de álcool e drogas.

O estudo é observacional e, portanto, não pode provar causa e efeito, mas é o mais abrangente até agora sobre a ligação entre semaglutida e saúde cerebral. Os pesquisadores analisaram apenas pacientes com diabetes, portanto, os resultados não podem ser generalizados para aqueles que tomam o medicamento para perder peso.

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