Covid-19: vírus pode se beneficiar de correntes de ar cônicas (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 26 de setembro de 2020 às 08h00.
Um estudo publicado na principal revista científica dos Estados Unidos, a Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) está levantando a possibilidade de que os fluxos criados pelos movimentos da fala e da respiração podem estar contribuindo para que pessoas infectadas por covid-19, mas assintomáticas, estejam contribuindo para a propagação do novo coronavírus.
A pesquisa, liderada pelo cientista Manouk Abkarian e aprovada pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, aponta que características fonéticas e sons como palavras que utilizam a letra “P”, por exemplo, criam uma complexidade na dinâmica do fluxo de ar, produzindo baforadas que atingem rapidamente até 1 metro de distância. Essas baforadas podem conter partículas de ar com o vírus SARS-CoV-2.
Em experiências, a equipe liderada por Abkarian notou que os patógenos podem ser transportados por fluxo de ar cônico ao longo de 2 metros de distância durante uma conversa de 30 segundos entre duas pessoas. Além da fala e da respiração, o movimento foi observado durante exercícios vocais e até quando uma pessoa simplesmente ri.
A ideia dos pesquisadores é mitigar regras de distanciamento social que, na prática, não funcionam. Como, por exemplo, a distância mínima de 1,5 metro. “Com base na compreensão da dinâmica dos fluidos da transmissão viral e de patógenos, acreditamos que será possível projetar estratégias de mitigação potenciais, além de máscaras e regras vagas de distanciamento social”, informa o estudo.