Ciência

O que diz a última teoria de Stephen Hawking

Nova teoria diz que podem existir muitos universos parecidos com o nosso

 (NASA/Divulgação)

(NASA/Divulgação)

E

EFE

Publicado em 2 de maio de 2018 às 19h05.

Londres – A última teoria científica sobre a origem do Universo desenvolvida pelo físico britânico Stephen Hawking antes de sua morte em 14 de março foi publicada nesta quarta-feira na revista "Journal of High Energy Physics" do Reino Unido.

Hawking, que morreu aos 76 anos, elaborou essa teoria cosmológica durante 20 anos com seu colega Thomas Hertog, do Instituto de Física Teórica de Louvain (Bélgica), e os dois a apresentaram à publicação para sua revisão dez dias antes que o primeiro falecesse.

Na nova teoria, Hertog coloca que, a partir do Big Bang, o Universo se formou como um vasto e complexo holograma, de forma que podem existir outros universos muito similares ao nosso.

Além disso, os dois cientistas oferecem orientações matemáticas para que os astrônomos possam buscar provas sobre a existência desses possíveis universos paralelos.

A teoria publicada hoje se aprofunda em uma hipótese anterior, elaborada pelos estudos do próprio Hawking, que dizia que, a partir do Big Bang, o Universo se expandiu de um ponto minúsculo em um processo conhecido como inflação, criando universos infinitos - ou "multiversos" - que poderiam ser muito diferentes do nosso.

A hipótese, derivada das pesquisas de Hawking com seu colega americano James Hartle nos anos 1980, apresentava o problema que, se existissem universos infinitos com variações infinitas em suas leis físicas, isto tornaria impossível de prever em qual universo nos encontramos.

A teoria Hertog propõe que todos os universos existentes compartilham as mesmas leis da física, o que implica que as investigações sobre um universo podem ser aplicadas a outros.

O próprio Hawking disse em uma entrevista em 2017 que nunca tinha sido "um fã" da ideia do "multiverso".

"Não estamos reduzidos a um único universo, mas nossas descobertas implicam uma redução considerável do 'multiverso', até um leque muito menor de universos possíveis", declarou o professor antes de sua morte.

Hertog afirmou hoje à "BBC" que nem ele nem Hawking estavam contentes com a ideia de uma infinidade de universos imprevisíveis.

"(A teoria) sugere que o 'multiverso' surgiu arbitrariamente e que não há muito mais o que dizer", o que não satisfazia os cientistas, afirmou Hertog.

As pesquisas dos dois especialistas se baseiam em novas técnicas matemáticas desenvolvidas para investigar um ramo da física conhecido como "teoria das cordas" - a ideia de que as partículas materiais, aparentemente pontuais, são na realidade "estados vibracionais" de um objeto estendido mais básico chamado de "corda".

Hawking morreu em 14 de março em Cambridge, na Inglaterra, por decorrência de uma doença neurodegenerativa, diagnosticada em 1964, que o deixou sem movimentos e o obrigava a se comunicar através de um sintetizador de voz.

Além de suas pesquisas sobre a expansão do Universo e os buracos negros, o cosmólogo ficou famoso por seus livros de divulgação científica, entre eles "Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros".

Acompanhe tudo sobre:EspaçoPesquisas científicasStephen Hawking

Mais de Ciência

Sonda Parker realiza aproximação recorde ao Sol em missão revolucionária

O próximo grande desastre vulcânico pode causar caos global — e o mundo não está preparado

Cientistas constatam 'tempo negativo' em experimentos quânticos

Missões para a Lua, Marte e Mercúrio: veja destaques na exploração espacial em 2024