Ciência

O plano da Nasa contra o asteroide que pode atingir a Lua

Cientistas estudam uso de impacto controlado — ou explosão nuclear — para evitar que detritos ameacem satélites e astronautas

Lua: asteroide pode atingir satélite em 2032 (Imagem gerada por IA/Freepik)

Lua: asteroide pode atingir satélite em 2032 (Imagem gerada por IA/Freepik)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 05h01.

Um asteroide de aproximadamente 60 metros de diâmetro, identificado como 2024 YR4, está sendo acompanhado de perto por cientistas de diferentes países. Embora a chance de colisão com a Terra tenha sido descartada no início de 2025, os cálculos atuais apontam uma probabilidade de cerca de 4% de que o objeto atinja a Lua em 22 de dezembro de 2032.

Parece pouco? Para os especialistas, o número é alto o suficiente para justificar um plano de ação emergencial. Afinal, a colisão liberaria uma energia equivalente a 6,5 megatons de TNT — cerca de 400 vezes a bomba de Hiroshima — e abriria uma cratera de 1 km na superfície lunar. O maior risco, no entanto, vem do que acontece depois do impacto.

O perigo está nos detritos — e no que pode voltar para a Terra

Segundo estudos apresentados na American Geophysical Union (AGU), um impacto lunar desse porte pode lançar até 100 milhões de quilos de material lunar e do próprio asteroide para o espaço. Parte dessa nuvem de detritos, estimada em até 10%, pode atingir a órbita terrestre em poucos dias.

Os fragmentos variariam de 0,1 mm a 10 mm — tamanhos pequenos, mas com velocidade suficiente para danificar satélites, telescópios espaciais e até ameaçar missões tripuladas, como as planejadas pelo programa Artemis.

O plano da Nasa: desviar — ou destruir

Para mitigar o risco, a equipe liderada por Barbee propõe duas abordagens:

  1. Missão de reconhecimento: enviar uma sonda até o asteroide nos próximos anos para estudar sua composição e trajetória com mais precisão.

  2. Ação de desvio ou fragmentação: caso o risco se mantenha, uma missão de impacto cinético (colisão com um objeto de alta velocidade) — ou até uma explosão nuclear controlada — poderia alterar a rota do 2024 YR4 ou fragmentá-lo antes que chegue perto da Lua.

“O ideal seria fazer isso pelo menos três meses antes da data prevista para o impacto, para que os fragmentos se espalhem e não representem risco à Terra”, explicou Barbee.

Corrida contra o tempo (e a incerteza)

Apesar das estimativas iniciais, os cientistas ainda não têm dados suficientes sobre a massa exata e a densidade do asteroide, o que limita a capacidade de prever com precisão seu comportamento em caso de intervenção.

Uma observação crítica está marcada para fevereiro de 2026, quando o Telescópio Espacial James Webb poderá apontar seus sensores para o objeto e ajudar a refinar os cálculos orbitais. Caso isso não aconteça por questões técnicas ou climáticas, as decisões terão que ser tomadas com um grau alto de incerteza.

Um alerta para o futuro da defesa planetária

O caso do asteroide 2024 YR4 pode se transformar em um marco no debate sobre segurança espacial e defesa planetária.

Hoje, a maior parte dos planos de proteção da Terra contra asteroides considera apenas objetos que possam colidir diretamente com o planeta. Mas esse episódio mostra que eventos lunares também podem representar ameaças indiretas, especialmente com o crescente número de satélites e missões tripuladas no espaço.

Mesmo que o impacto não aconteça, o alerta está dado: o espaço é mais dinâmico (e perigoso) do que imaginamos — e exige vigilância constante.

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