Ciência

Novos fósseis revelam como mamíferos desenvolveram audição

Cientistas identificaram etapas de transição nos restos de espécies que viveram há 125 milhões de anos no que é hoje o nordeste da China

Urso: cientistas descobriram mistério sobre audição de mamíferos (Js Photography/Getty Images)

Urso: cientistas descobriram mistério sobre audição de mamíferos (Js Photography/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 21h36.

Os mamíferos modernos, incluindo os humanos, devem seu sentido da audição a três pequenos ossos no ouvido médio que estavam ausentes em seus ancestrais répteis, mas o ponto em que ocorreu essa transformação permanecia um mistério.

Cientistas identificaram etapas de transição nos restos de espécies descobertas recentemente que viveram há 125 milhões de anos no que é hoje o nordeste da China: um elo perdido na cadeia de evolução.

Suas descobertas foram publicadas na revista Science nesta quinta-feira e recebidas pela comunidade científica como um marco no campo da paleontologia.

"É um conjunto de provas fantástico", disse à AFP Guillermo Rougier, um biólogo evolutivo da Universidade de Louisville que não participou do estudo. Ele considerou que as amostras que a equipe havia estudado eram "impressionantes".

O autor principal, Jin Meng, do Museu Americano de História Natural de Nova York, explicou que o estudo se baseou nos restos de seis animais individuais, proto-mamíferos do Cretáceo Inferior que chamaram de "Origolestes lii".

Estas espécies viviam junto a dinossauros e eram parecidas com roedores, tanto em tamanho com em aparência.

Os répteis usam suas mandíbulas para mastigar e transmitir sons externos através de vibrações a seus cérebros, diferentemente do sistema auditivo mais delicado e complexo dos mamíferos. Este último inclui os ossos martelo, bigorna e estribo responsáveis por uma série de funções, desde a apreciação musical em humanos até a ecolocalização em golfinhos.

Os cientistas levantaram a hipótese de que o chamado "desacoplamento" do sistema auditivo e mastigatório eliminou as limitações físicas que os dois processos se impunham entre si, permitindo aos mamíferos diversificar sua dieta e melhorar sua audição.

Com tecnologia, a equipe liderada por chineses descreveu os espécimes com detalhes, incluindo as estruturas de seus ossos de audição e cartilagem.

"Agora proporcionamos a evidência fóssil no tempo evolutivo que faz eco da hipótese", disse Meng.

Enquanto isso, Rougier disse que os fósseis descobertos eram um tesouro para os pesquisadores.

Se o processo ocorreu de uma vez, ou em grupos e momentos diferentes, são perguntas novas que se podem estudar agora.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisPesquisas científicas

Mais de Ciência

Novo medicamento para obesidade 'chacoalha' mercado na Índia

Nova técnica brasileira reduz custos da cirurgia de câncer de próstata

Cientista cria cerveja que funciona como vacina; entenda a polêmica

As inovações que marcaram o setor espacial em 2025