Novo relatório IPCC foca em tecnologias para mitigar as mudanças do clima
Aos menos 195 países devem analisar a terceira parte do estudo sobre aquecimento global da ONU
André Lopes
Publicado em 4 de abril de 2022 às 06h06.
Última atualização em 4 de abril de 2022 às 07h10.
Muitos dos impactos do aquecimento global são agora simplesmente "irreversíveis", constatou a Organização das Nações Unidas (ONU), na segunda parte do seu relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado em fevereiro.
Nesta segunda-feira, 4, quando divulgar a terceira parte do documento, a organização deve apresentar caminhos e formas de controlar a parte das mudanças climáticas que ainda são reversíveis, se valendo, sobretudo, da tecnologia para controlar a emissão de carbono.
O novo relatório, esperado por 195 nações, foi preparado por 278 autores de 65 países, e avalia o progresso feito na limitação das emissões globais e revisa as opções de mitigação disponíveis em todos os setores e sistemas.
Dois novos capítulos se concentram no potencial das novas tecnologias para opções inovadoras de mitigação, bem como em fatores como demanda, consumismo e economia.
O novo relatório do IPCC é a terceira e última parte das revisões feitas pelo organismo, que reúne os mais importantes pesquisadores que estudam as mudanças no clima.
Em agosto de 2021, a primeira delas destacou o tamanho do efeito que os seres humanos vêm tendo no sistema climático da Terra.
A segunda revisão examinou as causas, os impactos e as soluções para conter as mudanças climáticas. O documento fornece a mais clara indicação até hoje de como um mundo mais quente está afetando todos os seres vivos do planeta.
Trata-se de uma crua descrição das duras consequências que o mundo já está experimentando, como o crescente número de pessoas morrendo devido ao calor excessivo, ou pelas intempéries climáticas pouco previsíveis.
Preocupações sobre o Brasil
Com o limite máximo de aumento de temperatura global estipulado em 1,5ºC até 2050, cerca de 3,6 bilhões de pessoas devem entrar na linha de 'altamente expostas às mudanças climáticas' até lá.
E, há regiões onde a vulnerabilidade é maior, caso da América do Sul e Central, sul da Ásia, a maior parte do continente africano e países insulares, situação agravada pela pobreza e meios de subsistência muito dependentes de recursos naturais, tais como a agricultura, a criação de animais e a pesca.
No caso brasileiro, os documentos do IPCC já destacaram anteriormente que a Amazônia já foi severamente atingida por secas e altas temperaturas nos anos de 1998, 2005, 2010 e 2015/2016, que causaram grande mortandade de árvores.
A combinação com desmatamento e as queimadas deve comprometer ainda mais a absorção de carbono e ameaça o regime de chuvas na América do Sul.
Um cenário que faz crescer o risco de a floresta amazônica se transformar em savana, o que alteraria a dinâmica de transferência da umidade para o restante do país e traria uma redução da ordem de 40% das chuvas, impactando também as regiões Sul e Sudeste do Brasil.