James Webb, ex-administrador da Nasa e motivo por trás da polêmica (Nasa/Divulgação)
Laura Pancini
Publicado em 1 de outubro de 2021 às 13h53.
A agência espacial Nasa decidiu manter homenagem ao seu ex-administrador no telescópio James Webb mesmo após críticas do público.
Webb, que morreu em 1992, é acusado de ter colaborado na "Lavender Scare", época do governo estadunidense em que homossexuais eram perseguidos e demitidos de cargos federais.
Em maio de 2021, uma petição feita por quatro astrônomos acumulou mais de 1.200 assinaturas e tinha, inclusive, nomes de cientistas que iriam trabalhar com o observatório orbital.
A investigação foi liderada por Brian Odom, historiador chefe do órgão, junto com profissionais de fora. Eles fizeram uma revisão de arquivos documentais sobre as políticas e ações de Webb e afirmaram que não haviam evidências para a troca.
“Não encontramos evidências, neste momento, que justifiquem a mudança do nome”, disse Bill Nelson, administrador atual da Nasa, à rádio norte-americana NPR.
O norte-americano James Edwin Webb foi administrador da Nasa entre 1961 e 1968. Durante seu tempo lá, o Programa Apollo conduziu uma série de missões marcantes para a exploração espacial, como a Apollo 11, que levou o primeiro homem à Lua em 1969.
Porém, Webb trabalhou no Departamento de Estado dos Estados Unidos durante o "Lavender Scare", época entre as décadas de 40 e 60 onde homossexuais eram perseguidores e demitidos de cargos federais.
De acordo com a petição entregue em maio, Webb teria enviado um memorando sobre "O problema dos homossexuais e pervertidos" ao senador que comandava o movimento Lavender. A carta está nos Arquivos Nacionais e Administração de Documentos dos Estados Unidos.
Para David Jhonson, historiador que escreveu livro sobre o Lavender Scare, não há evidências de que Webb instigou algum tipo de perseguição, mas sim que teria participado de reuniões na Casa Branca para "conter a histeria" dos membros do congresso contra os homossexuais.
“Na melhor das hipóteses, o histórico de Webb é complicado”, afirmou Chanda Prescod-Weinstein, uma das autoras da petição. “E, na pior das hipóteses, basicamente estamos enviando para o céu este instrumento incrível com o nome de um homofóbico, na minha opinião”.
O Telescópio Espacial James Webb é o substituto do Hubble e está programado ser lançado 18 de dezembro a bordo do foguete Ariane 5 da Agência Espacial Europeia (ESA).
Idealizado em 1996, mais de 1.200 cientistas, técnicos e engenheiros de 14 países trabalharam no telescópio. Ao todo, sua construção custou um total de 10 bilhões de dólares.
O observatório, que será o maior do seu tipo já lançado ao espaço, irá viajar para um local a aproximadamente 1.609.000 quilômetros de distância da Terra.
Equipado com quatro câmeras e sistemas de sensores, seu objetivo é oferecer mais informações sobre como galáxias e estrelas se formam, observar objetos celestes como exoplanetas ou outros planetas dentro do nosso próprio sistema solar.
"Webb será capaz de ver as galáxias como elas eram algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang", disse Jane Rigby, astrofísica da Nasa, à NPR.