Ciência

Mudanças climáticas vão deixar voos mais turbulentos, diz estudo

Prepare-se para altas de 59% nas turbulências leves, 94% nas turbulências moderadas e 149% nas turbulências severas, diz estudo recente

Passageiros a bordo de um avião da Malaysia Airlines (REUTERS/Edgar Su/Reuters)

Passageiros a bordo de um avião da Malaysia Airlines (REUTERS/Edgar Su/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de abril de 2017 às 13h11.

Última atualização em 8 de abril de 2017 às 13h17.

São Paulo - Más notícias para quem tem medo de voar: as mudanças climáticas devem causar mais turbulências.

A conclusão é de Paul D. Williams, um cientista da Universidade de Reading, no Reino Unido, em um estudo publicado no periódico Advances in Atmospheric Sciences.

As turbulências acontecem por causa de alterações na velocidade e direção do ar quando duas correntes diferentes se encontram.

Como o aquecimento global não atinge todo o planeta da mesma forma, as diferenças de temperatura podem se acentuar tanto no chão quanto em grandes altitudes - e com elas, a intensidade e instabilidade desses choques.

A previsão não é exatamente nova e já estava sendo discutida entre especialistas. A novidade do estudo é que ele calculou os aumentos na frequência de cada tipo de turbulência.

Para isso, Williams usou um modelo climático. Na primeira versão, a referência foram os níveis de gás carbônico na atmosfera encontrados antes da era industrial.

Na segunda, o cálculo foi feito com o dobro de concentração de gás carbônico - nível que deve ser atingido em meados do século, de acordo com previsões relativamente moderadas de aumento de emissões.

O resultado: altas de 59% nas turbulências leves, 94% nas turbulências moderadas e 149% nas turbulências severas.

"Uma intensificação da turbulência de 'ar limpo' pode ter consequências importantes para a aviação. A turbulência causa danos às aeronaves e é a causa por trás do medo que muitas pessoas tem de viajar de avião", diz o estudo.

Vale lembrar que as turbulências calculadas por Williams estão relacionadas não ao tempo ruim em si, algo que os pilotos podem ver e desviar, e sim a mudanças nas correntes invisíveis a olho nu (o chamado 'clear air'), que não podem ser detectadas de forma a permitir uma correção de rota.

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