Eclipse Solar: a faixa de totalidade do fenômeno, ou seja, a faixa de terra que ficará na penumbra, cruza os Estados Unidos (Nasa/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 21 de agosto de 2017 às 10h22.
Última atualização em 21 de agosto de 2017 às 10h52.
Está previsto para esta segunda-feira (21) um dos eventos mais fascinantes da natureza, o eclipse solar total, que ocorre quando as órbitas do sol e da lua se cruzam e o satélite passa entre o sol e a Terra. Quando a lua cobre o sol, bloqueia os raios solares e faz uma sombra na Terra.
Desta vez, a faixa de totalidade do fenômeno, ou seja, a faixa de terra que ficará na penumbra, cruza os Estados Unidos. Serão 2 minutos e 40 segundo de completa escuridão para quem estiver entre Salem, no Oregon, e a cidade de Charleston, na Carolina do Sul.
Observadores que estiverem fora dessa região, a 3 mil quilômetros acima ou abaixo dessa faixa, poderão observar um eclipse solar parcial, em que a lua cobre parte do disco do Sol. No Brasil, os moradores das regiões Norte e Nordeste poderão avistar o fenômeno. No extremo norte do país, a previsão é que a escuridão chegue a 50%.
A astrônoma Josina Nascimento, pesquisadora do Observatório Nacional, responsável pelos cálculos e edição do anuário da instituição que traz as fases da lua e previsão de eventos astronômicos, explicou que apesar do senso comum dizer que são raros, os eclipses são um evento comum. Segundo ela, o fato de a faixa de totalidade dos eclipses ser muito estreita, com cerca de 270 quilômetros, causa essa falsa impressão.
"A cada período entre 18 e 22 meses, temos um eclipse solar, seja ele total, parcial ou anular. Quando é total, que é o mais raro, têm-se essa pequena faixa de totalidade, portanto muitas partes do mundo passam muitas décadas sem ver um eclipse total. Não é um fenômeno raro na Terra, mas sim em cada local onde as pessoas estão", esclareceu.
Josina Nascimento disse que os eclipses do sol e da lua sempre ocorrem um próximo do outro. "Basta observar uma lista de previsão de eclipses para verificar que sempre que acontece um eclipse da lua, por exemplo, logo depois tem um do sol, ou vice versa. Se houver um eclipse em uma lua cheia, na lua nova seguinte haverá um eclipse do sol. Se a órbita da lua em torno da Terra não fosse inclinada, teríamos esse alinhamento todo mês. Na lua nova, um eclipse do sol, e na lua cheia, um eclipse da lua. Por ser inclinada, o alinhamento não acontece sempre."
Ela informou que o próximo eclipse total que terá faixa de observação no Brasil está previsto para 2041. "No dia 2 de julho de 2019, vai ser no sul da América do Sul e a expectativa é que muitas pessoas se desloquem para a faixa de observação. É interessante porque você tem turismo, tem eventos culturais e científicos, é muito legal", disse a pesquisadora.
Durante a conversa com a Agência Brasil, Josina Nascimento contou que desde antes do homem começar a explorar o Universo em missões espaciais, os cientistas aproveitam os eclipses para responder a questões científicas e de engenharia. A cor muito escura da lua durante o eclipse, por exemplo, pode ser usada para calibrar as imagens de raios-X, por registrar o estado do "sinal zero". Os eclipses também são uma ótima oportunidade para observar a fotosfera, uma camada interna do Sol. Segundo Josina, há uma série de projetos que aproveitam a chance para fazer observações especiais.
A pesquisadora contou que a observação mais especial e relevante feita no Brasil, com envolvimento do Observatório Nacional, ocorreu em um eclipse total em 1919, em Sobral, no Ceará, quando a Teoria da Relatividade, do cientista Albert Einstein, foi finalmente comprovada. Josina contou que vieram pesquisadores de vários lugares do mundo para fazer a observação. Depois de algumas tentativas frustradas de provar a teoria em outros locais anteriormente, o eclipse daquele ano no Brasil ofereceu uma boa visibilidade e permitiu que os cálculos de Einstein fossem comprovados.