Ciência

Menos proteção, mais indivíduos: a estratégia evolutiva das formigas

Estudo mostra que colônias maiores reduzem o “custo” individual para produzir mais trabalhadoras

Formigas: estratégia evolutiva prioriza quantidade em vez de proteção individual (Getty Images)

Formigas: estratégia evolutiva prioriza quantidade em vez de proteção individual (Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 13h27.

Um novo estudo sobre a evolução das formigas aponta um padrão intrigante: espécies que formam colônias maiores tendem a “gastar menos” na proteção individual de cada operária e, em vez disso, produzem muitas delas com menos investimento em cada corpo.

A pesquisa, publicada em 19 de dezembro, na revista Science Advances, analisou dados de centenas de espécies para entender esse fenômeno evolutivo.

Os cientistas mediram a espessura da cutícula, uma camada externa que protege os insetos de predadores, microrganismos, variações de temperatura e perda de umidade. Eles descobriram que quanto maior for a colônia, mais fina tende a ser essa camada nos trabalhadores. Isso indica que as formigas investem menos em cada indivíduo para poder produzir mais operárias num mesmo ambiente.

O coletivo acima do indivíduo

A cutícula é vital para a sobrevivência de um inseto, mas sua produção exige muitos nutrientes. Ao reduzir a quantidade de recursos aplicados em cada corpo, as formigas conseguem destinar mais energia à criação de um número maior de indivíduos. Essa estratégia parece compensar no longo prazo, especialmente em espécies que dependem de um grande contingente de operárias para coletar alimento, defender o ninho e explorar territórios.

Os pesquisadores também analisaram fatores como dieta e clima, mas descobriram que o tamanho da colônia é o que mais se associa à variação na espessura da cutícula. Em outras palavras, grandes grupos colocam a prioridade na quantidade, mesmo que isso signifique trabalhadores mais frágeis individualmente.

Os cientistas sugerem que essa “redução de custos” na produção de operárias pode ter sido um passo importante na evolução social das formigas. A produção em larga escala de operárias menos protegidas, mas mais numerosas, pode ter facilitado a adaptação a ambientes com poucos recursos e contribuído para a diversificação das espécies ao longo do tempo.

O estudo oferece uma nova perspectiva sobre como sociedades complexas de insetos equilibram entre proteção individual e o sucesso coletivo. Em vez de formar poucos trabalhadores extremamente bem protegidos, algumas espécies parecem ter “escolhido” ampliar suas colônias com indivíduos mais simples, confiando na força do grupo para sobreviver e prosperar.

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