Gatos: DNA pode mostrar quando animais foram domesticados (Freepik)
Redação Exame
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 08h32.
Ao contrário do que se imaginava, os gatos não iniciaram sua convivência com os humanos no Levante, região historicamente associada ao surgimento da agricultura. Estudo genético recente aponta que a domesticação dos felinos começou no norte da África, há cerca de 3.500 a 4.000 anos.
As conclusões vieram da análise de DNA de ossos encontrados em sítios arqueológicos na Europa, África e Turquia. Os dados foram comparados ao genoma dos gatos atuais, revelando que todos descendem do gato selvagem africano.
Os resultados da pesquisa foram publicados nas revistas Science e Cell Genomics.
A expansão dos gatos pelo mundo foi gradual. Segundo o estudo, eles só chegaram à Europa cerca de 2.000 anos atrás, transportados por navios romanos para controlar pragas. Depois, seguiram pela Rota da Seda e alcançaram a Ásia, onde outra espécie felina já vivia em contato com humanos: o gato leopardo.
Esse felino selvagem asiático se beneficiava da presença humana em assentamentos da China, mas nunca foi domesticado. A convivência, segundo cientistas, era do tipo comensal, quando duas espécies vivem próximas sem prejuízo mútuo.
Para o professor Greger Larson, da Universidade de Oxford, o comportamento reservado dos gatos atrasou o início da relação com humanos. “Essa convivência não tem 10 mil anos, como se pensava, mas começou apenas há 4 mil”, afirmou em entrevista à BBC.
Apesar de não terem sido domesticados, os gatos leopardo deram origem ao gato Bengal após cruzamentos com gatos domésticos. A nova raça foi reconhecida nos anos 1980 e é considerada híbrida, com aparência selvagem, mas comportamento adaptado à vida doméstica.
O cenário descrito se alinha com os registros históricos do Egito Antigo, onde os gatos eram venerados, retratados na arte e até mumificados. Sua utilidade como caçadores os tornou indispensáveis nas sociedades da época.