Gases do efeito estufa são uma das causas principais do aquecimento global (Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 16 de outubro de 2023 às 08h00.
Não é de hoje que os alertas sobre o aquecimento global ganham destaque em todas as partes do mundo, principalmente por conta das consequências – que podem ser bastante catastróficas – iminentes. O último Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), porém, foi mais enfático e categórico: o tema é mais urgente do que o imaginado e o mundo tem apenas três anos para evitar que os impactos negativos sejam irreversíveis.
O relatório da ONU teve como base milhares de estudos científicos e contou com 268 autores, de 65 países. A análise trouxe dados preocupantes. Para se ter ideia, o documento revelou que para que haja uma chance de apenas 50% de estabilizar o aquecimento global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais – índice que foi definido pelo Acordo de Paris –, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) precisam atingir o seu pico até 2025 e cair 43% até 2030.
Mas essa meta já parece bastante difícil de ser atingida, visto que a previsão atual é de um aquecimento global de 3,2°C até o fim do século. O documento aponta que a humanidade, na verdade, não está se esforçando o suficiente para minimizar esses impactos e que a redução da produção de poluentes, como o gás carbônico, precisaria ser ao menos 25 vezes maior para haver alguma mudança real nesse cenário.
E não é só. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também apontou dados importantes e mostrou que praticamente toda a população mundial já respira um ar considerado impróprio. Tanto a ONU quanto a OMS defendem que abandonar o uso de combustíveis fósseis como outra fundamental saída para reverter essa realidade.
Uma das principais preocupações dessas entidades é o aquecimento global. Se a Terra registrar mesmo um aumento de 3,2°C, a vida no planeta pode correr riscos. Até chegar a esse extremo, a previsão é de que o mundo sofra com tempestades intensas, deixando cidades debaixo d’água, secas históricas e ondas de calor sufocantes cada vez mais frequentes.
Quem mais deve sofrer com essas consequências, em um primeiro momento, é a população vulnerável, podendo resultar nos chamados refugiados climáticos. A produção de alimentos também poderá ser ainda mais prejudicada, causando escassez de ingredientes ao redor do mundo.
O cenário, certamente, não é animador. Mas, como disse a ativista sueca Greta Thunberg, durante um discurso realizado no evento Youth4Climate, que reuniu jovens ativistas ambientais na Itália em 2022, “a hora de agir é agora”.
Os autores do IPCC também veem uma luz no fim do túnel: o abandono de fontes de energia poluentes. Para eles, até 2050, o uso de carvão deve ser extinguido totalmente, com uma redução de pelo menos 60% no uso de petróleo e de 70%, no de gás. As emissões de CO2 também precisam ser reduzidas até 2025.
O avanço da tecnologia também aparece como uma solução. Afinal, hoje já é possível implementar ferramentas de absorção de CO2 da atmosfera, mas elas precisam ser utilizadas de forma massiva. O relatório aponta que, no fim das contas, a humanidade já conta com caminhos para o combate à crise climática. Mas eles precisam ser levados a sério para que haja, de verdade, uma chance de recuperação.