(Boophotography/Thinkstock)
Lucas Agrela
Publicado em 29 de maio de 2018 às 15h28.
O dermatologista Steve Wang trata pacientes com câncer de pele todos os dias em um hospital Sloan Kettering em Nova Jersey, por isso ele sabe bem que os filtros solares dos EUA não dão conta do recado.
Os produtos oleosos com que os americanos se lambuzam antes de ir para a praia provavelmente não vão protegê-los tanto quanto os produtos vendidos em outros países. Europa, Japão, Austrália, Canadá: todos têm protetores solares mais eficientes contra os danos à pele que causam câncer e também oferecem uma sensação melhor na pele.
Padrões de aprovação mais rigorosos nos EUA paralisaram a inovação e limitaram as opções para se defender dos raios ultravioleta nocivos do sol. Isso significa que os americanos não têm acesso aos filtros mais eficazes, desenvolvidos por fabricantes de produtos químicos como a Basf e por empresas de cosméticos como a L’Oréal, amplamente utilizados há anos em protetores solares fora dos EUA.
"Não sei por que isso está sendo adiado", disse Wang, que pesquisou e publicou suas conclusões sobre a inferioridade das versões dos EUA. "Se houvesse um filtro solar melhor, talvez mais pessoas gostariam de usá-lo."
E, "teoricamente, isso evitaria mais casos de câncer de pele", disse ele.
O setor de protetores solares, avaliado em US$ 1,2 bilhão, pediu ajuda ao Congresso para abrir caminho para filtros solares melhores. A legislação pendente para acelerar as aprovações se tornou ainda mais urgente neste mês, quando os legisladores havaianos votaram pela proibição de dois dos ingredientes mais utilizados nos EUA, porque esses químicos podem prejudicar os recifes de corais.
"Com o Havaí, estamos indo na direção errada", disse Michael Kaplan, presidente da Aliança de Pesquisa sobre Melanoma. "Trata-se de um motivo real de preocupação, porque mais de 9.000 pessoas morrem todos os anos por melanoma."
Os filtros solares dos EUA protegem contra o tipo de raios ultravioleta que causam queimaduras solares, conhecidos como UVB, mas a maioria não consegue bloquear UVA, disse Wang, diretor de dermatologia do Memorial Sloan Kettering Basking Ridge. O UVA penetra mais profundamente na pele e pode acelerar o envelhecimento e causar alterações genéticas que provocam câncer.
As fórmulas de muitos protetores solares europeus contêm filtros que oferecem uma proteção melhor contra os raios UVA, além de proteger contra os raios UVB. E eles são menos oleosos, por isso são mais agradáveis de usar, disse Parand Salmassinia, vice-presidente da empresa holandesa de cosméticos DSM Personal Care.
O Dr. Wang, em um estudo realizado no ano passado, concluiu que quase metade dos filtros solares dos EUA que ele testou não oferecia proteção UVA suficiente para atender aos padrões da União Europeia. A situação só vai melhorar quando o FDA aprovar os ingredientes modernos com maior proteção, disse ele.
Uma em cada cinco pessoas desenvolverá câncer de pele, incluindo 2,3 por cento dos americanos que serão diagnosticados com melanoma, a forma mais letal da doença. A incidência de melanoma dobrou desde 1985, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Nenhum filtro solar novo foi aprovado nos EUA desde o final dos anos 1990, principalmente porque eles são regulamentados como medicamentos de venda livre, que têm padrões mais rigorosos do que os cosméticos. A União Europeia e a maioria dos outros países tratam os protetores solares como cosméticos.