Europeus classificam poluição do mar como principal ameaça à vida humana
O temor foi elencado em uma lista que deve servir de apoio para políticas públicas que visem mitigar a degradação dos oceanos, principalmente por plásticos e microplásticos
André Lopes
Publicado em 17 de junho de 2021 às 05h59.
Última atualização em 17 de junho de 2021 às 09h29.
Anualmente, 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos, a maioria proveniente de embalagens de alimentos e redes de pescas. Com a decomposição natural, o material é fracionado, chegando a medir menos de 5mm. Não por acaso, este tipo de poluição , que ainda não teve todas as consequências mapeadas, é a maior preocupação dos cidadãos da Europa sobre os riscos que a degradação dos oceanos podem causar na saúde humana.
Tal percepção foi levantada por uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, que entrevistou 15.000 pessoas em 14 países europeus e Austrália. Tanto europeus quanto australianos estavam altamente preocupados com o impacto da poluição marinha por plásticos na saúde humana, classificando-a no topo das 16 principais ameaças vindas do mar.
Também foram listados temores com derramamentos de óleo ou produtos químicos, perda de biodiversidade marinha e efeitos relacionados às mudanças climáticas, como aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos, entre outras.
A pesquisa surge no momento em que a poluição por plástico, e principalmente microplásticos, é amplamente reconhecida como uma dos maiores agentes de dano ambiental vindo por diversos caminhos.
O primeiro deles é o pedaço maior de plástico, que vai sendo quebrado ao longo do tempo pelo sol e pelo sal da água marinha.O segundo são as microfibras, que saem da roupa desgastada ou durante as lavagens. Como são muito pequenas, elas saem da máquina de lavar junto com a água, vão para os canos e, por conta do seu tamanho, não conseguem ser filtradas pelo sistema de tratamento e acabam indo para o oceano.Há, também, a composição do plástico, que vem das fábricas de brinquedos, de garrafas, que se perdem no meio da produção.
O estudo descobriu que as pessoas entrevistadas apoiam mais pesquisas para entender o impacto da poluição marinha em nossa saúde. O coautor da pesquisa Mathew White, psicólogo ambiental da Universidade de Viena, disse que o objetivo do documento é informar a tomada de decisões sobre a política de poluição por plásticos e o financiamento de pesquisas sobre os impactos potenciais à saúde humana.
"Dado que a poluição marinha de plástico é um desafio global e toda a sociedade contribui em algum grau para o ciclo de consumo do material, precisamos urgentemente encontrar maneiras de conectar o alto nível de preocupação com formas de reduzir o vazamento de plástico no meio ambiente”, afirma o cientista.
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