Etanol da cana pode ajudar a atingir meta do clima
Estudo mostra que a expansão do cultivo é uma saída para reduzir danos à natureza
Gabriela Monteiro
Publicado em 27 de outubro de 2017 às 15h44.
Um estudo publicado na revista “Nature Climate Change” mostrou que a expansão da produção de cana-de-açúcar entre 37,5 e 116 milhões de hectares, com fins na conversão em etanol, poderia reduzir em até 5,6% as emissões globais de dióxido de carbono, basicamente com a substituição do uso da gasolina. O estudo aponta ainda que a expansão do uso do etanol pode ser uma solução a curto prazo para que a meta ratificada no último acordo climático em Paris seja atingida. Assinado por 195 nações em dezembro de 2017, o documento tenta limitar o aumento da temperatura global do planeta em menos de 2ºC.
Coordenada por Stephen P. Long, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e alguns cientistas da Universidade de São Paulo, a análise apontou que a produção de etanol à base de cana no Brasil é muito mais eficiente que a do etanol de milho, além de gerar apenas 14% das emissões de dióxido de carbono causadas pelo petróleo. Esse processo de substituição já apresentaria resultados a níveis globais num prazo de 2 a 8 anos desde o começo da produção.
Segundo os pesquisadores, o Brasil está preparado para levar o projeto adiante. Isso porque o país é um dos únicos a possuir o território necessário e a expertise na produção de cana. Por aqui, se usa toda a planta, seja para produção de açúcar, ou para produção de etanol, e até para alimentar moinhos e gerar eletricidade.
Os pesquisadores evidenciam também as práticas sustentáveis de produção usadas no Brasil. Em São Paulo, por exemplo, é proibida a queima de cana antes da colheita para redução da quantidade de material transportado para o moinho. A prática da queima, causadora de grande poluição da atmosfera, ainda é empregada em países como os Estados Unidos.