Ciência

Entenda a diferença entre as máscaras de tecido, cirúrgicas e PFF2

Mesmo com a vacinação caminhando no Brasil, o uso das máscaras ainda é altamente recomendado para conter a transmissão do vírus

Entenda as diferenças entre cada tipo de máscara (Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC/Agência Brasil)

Entenda as diferenças entre cada tipo de máscara (Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC/Agência Brasil)

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Karina Souza

Publicado em 17 de julho de 2021 às 10h30.

Em tempos de pandemia, é quase impossível não ter ouvido alguma discussão relacionada ao tipo de máscara mais eficiente para conter a transmissão do coronavírus. Os termos “PFF2” e “N95”, além das populares máscaras cirúrgicas passaram a fazer parte do cotidiano dos brasileiros -- e devem continuar fazendo até que a maior parte da população esteja vacinada com as duas doses. Em meio à sopa de letrinhas das máscaras, como saber qual é a mais recomendada para cada situação? E quais são as diferenças entre elas?

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A diferença entre todas elas está no grau de eficácia que oferecem contra o vírus da covid-19. É possível perceber diferenças significativas entre cada uma delas em relação a isso e se programar para usar a mais adequada para cada ocasião. Veja:

Máscaras N95 ou PFF2 (são a mesma coisa)

As máscaras PFF2 ou N95 são responsáveis por filtrar o ar e impedir que partículas suspensas no ar (como vírus e bactérias) entrem em contato com o organismo, tendo uma eficácia de 95% de proteção. 

“Para conseguir reter essas partículas pequenas, as máscaras do tipo PFF2 possuem uma manta filtrante composta de fibras sintéticas, capazes de fazer com que os contaminantes fiquem presos a ela. O número de camadas pode depender de cada fabricante, mas o importante é que se utilize uma máscara aprovada conforme normativa e que tenha o CA (Certificado de Aprovação) emitido e vigente, que deve estar estampado no produto”, diz  Sabrina Hsu Silva, especialista de Desenvolvimento de Aplicação da 3M do Brasil.

Por causa da elevada eficácia -- especialmente num país como o Brasil, em que há alta circulação do vírus --, pesquisadores afirmaram recentemente à Agência Fapesp que o ideal seria a produção em massa de máscaras do tipo PFF2/N95 para distribuir gratuitamente à população. Na opinião de Vanderley John, coordenador da iniciativa respire!, isso deveria “ser considerado em futuras pandemias”.

É caro? 

Depende do bolso de cada um, mas no geral, o kit com dez máscaras pode ir de R$ 39,90 a mais de R$ 200. A justificativa para os preços mais altos está, quase sempre, relacionada à alta demanda pelo produto. Comprar de fabricantes diretamente pode sair por R$ 6 a unidade da máscara, porém os estoques acabam em questão de horas. 

Nas redes sociais, perfis como  @PFFparatodos, @qualmascara, e @estoquepff trazem diariamente novidades a respeito de pesquisas e recomendações médicas sobre as melhores máscaras. Em paralelo, o @fvguima mantém uma campanha permanente para arrecadar fundos e doar equipamento de proteção a comunidades carentes.

É descartável?

Não, a máscara pode ser reutilizada várias vezes, desde que alguns cuidados sejam tomados: não molhá-la, não passar álcool em gel na máscara e deixá-la descansar por pelo menos três dias entre um uso e outro.

Onde usar?

Caso não seja possível comprar um estoque dessas máscaras, é recomendado priorizar seu uso em ambientes fechados e com muita gente (ônibus, supermercados e shoppings, por exemplo).

Vale lembrar que a máscara, apesar de eficiente, não dá justificativa para fazer aglomerações.

E a máscara N95 com válvula?

O uso dessa máscara não é recomendado por especialistas, uma vez que a máscara filtra o ar que entra, mas não o ar que sai -- ampliando a possibilidade de contaminar outras pessoas. 

Máscara N95 e KN95 são a mesma coisa?

O nome N95 diz respeito ao padrão nos Estados Unidos, PFF2, no Brasil e KN95 diz respeito ao padrão na Ásia. Apesar de, teoricamente, serem iguais, a KN95 tende a ser vista de forma diferente por não ser aprovada pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (Niosh), que seria algo como o Inmetro dos Estados Unidos.

Além disso, no ano passado, a Anvisa publicou uma lista de máscaras KN95 que foram consideradas ineficientes, por não atenderem o critério exigido de filtragem de 95% das partículas. O uso desses equipamentos (dessa lista de fabricantes) foi suspenso para profissionais de saúde. Entre as que foram aprovadas e que passaram pelo teste, especialistas apontam que a eficácia é similar à da PFF2 e da N95. 

De todo modo, a melhor forma de garantir que a máscara a ser comprada de fato protege é checando se a que você quer comprar não está na lista geral da Anvisa de máscaras reprovadas. 

Além disso, o Center for Disease Control também dá dicas para se proteger da venda de produtos falsificados. Entre as dicas, estão: checar comentários das pessoas que compraram, observar se há a palavra “verdadeiro” ou “genuíno” (já que produtos verdadeiros não precisam alegar a todo tempo que o são de fato), ver se o site parece suspeito (se tem erros de digitação, por exemplo) ou se o preço está muito abaixo das demais ofertas.

Máscaras cirúrgicas

Um estudo feito pela Universidade de Tóquio no último ano mostrou que as máscaras cirúrgicas têm uma eficácia de 47% a 50% contra o coronavírus. Elas podem ter uma, duas ou três camadas e também podem ser usadas para prevenção da covid-19, ainda que tenham eficácia menor do que as máscaras do tipo N95.

“No ambiente hospitalar e para os profissionais que estão diretamente em contato com pacientes de covid, ou ainda em em áreas de muito risco, se preconiza o uso da máscara N95. Mas para a população em geral, as situações em que poderia ser recomendado o uso da N95 seriam nas de maior risco ou com maior aglomeração de pessoas, como no transporte público ou em algum ambiente fechado, com muitas pessoas compartilhando esse ambiente sem ventilação”, diz Mariana Volpe Arnoni, especialista em Infectologia Pediátrica e doutora em Ciências da Saúde, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

É caro?

Uma pesquisa rápida na internet permite encontrar kits com 25 unidades da máscara por R$ 22 e com 50 unidades por R$ 76.  Novamente, os preços variam de acordo com o fabricante e com o período em que a busca pelo produto aumenta ou diminui.

É descartável?

Sim, a máscara deve ser usada por, no máximo, duas horas consecutivas e deve ser descartada após o uso. 

Onde usar?

Assim como as PFF2, o uso é recomendado em ambientes fechados e com muita gente (ônibus, supermercados e shoppings, por exemplo). Apesar da proteção ser menor do que a PFF2, a máscara cirúrgica funciona como uma substituta intermediária entre a PFF2 e a máscara de pano, desde que bem ajustada ao rosto.

Máscaras de pano

Um estudo feito pela Universidade de São Paulo neste ano mostrou que as máscaras de algodão têm eficácia de 40% contra o coronavírus. Já entre as máscaras de TNT, feitas de polipropileno, esse número sobe e fica entre 80% a 90%. Portanto, a atenção ao material de que são fabricadas é fundamental.

É descartável?

Não, a máscara pode ser lavada com água e sabão e utilizada novamente. 

Onde usar?

Para a médica Mariana Volpe, o ideal é que as máscaras de tecido sejam utilizadas apenas em situações de menor risco, como em áreas ao ar livre ou com uma boa ventilação. 

“Para as pessoas com comorbidades ou que ainda não foram vacinadas, por exemplo, não é recomendado utilizar máscaras de tecido. Contudo, se precisarem utilizá-la, devem ter o cuidado de escolher uma máscara com uma boa vedação, sem brechas, e, principalmente, que se adapte bem ao formato do rosto”, diz.

Por que usar máscara?

Embora a eficácia de cada um dos modelos varie, é fundamental manter o uso da máscara no Brasil, mesmo para quem já foi vacinado. Isso porque nenhuma vacina é 100% eficaz para evitar a contaminação -- ainda que todas reduzam significativamente a evolução para casos graves.

Mas, mais do que proteger a si, as máscaras ajudam a proteger o ambiente ao redor, contribuindo para que o vírus se propague menos e tenha menos risco de sofrer novas mutações, que possam escapar à proteção oferecida pelas vacinas. Um estudo publicado no ano passado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostrou que as máscaras podem reduzir o risco de infecção pela covid-19 em mais de 85%. O artigo foi submetido à revista científica Emerging Infectious Diseases. 

Ou seja, independentemente do tipo de máscara que tiver à mão, garantir a boa vedação dela e manter o distanciamento social ainda se configuram como as principais medidas para evitar a disseminação do coronavírus -- especialmente enquanto as duas doses da vacina ainda não chegam para todos.

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