Ciência

Em 20 anos saberemos se há vida fora da Terra, diz diretor do ESO

O diretor lembrou, no entanto, que vida e condições de habitabilidade são duas coisas diferentes a serem encontradas

Espaço: planetas encontrados orbitam em torno de suas estrelas a distâncias nas quais poderia existir água líquida (ESA/Hubble/NASA/Reprodução)

Espaço: planetas encontrados orbitam em torno de suas estrelas a distâncias nas quais poderia existir água líquida (ESA/Hubble/NASA/Reprodução)

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EFE

Publicado em 5 de abril de 2017 às 12h11.

Madri - As recentes descobertas de planetas similares ao nosso, como Proxima b ou os sete do sistema TRAPPIST-1, são emocionantes e representam um passo na busca pela vida além da Terra, o que poderia ocorrer em 10 ou 20 anos, afirma o diretor do Observatório Europeu do Sul, Tim de Zeeuw.

Estes planetas são fáceis de estudar e foi observado que orbitam em torno de suas estrelas a distâncias nas quais poderia existir água líquida.

"Neste momento parece ficção científica, mas nunca se sabe. Desejo ver como será o futuro", apontou De Zeeuw, afirmando que o Telescópio Extremamente Grande -ELT, sigla em inglês- terá um papel fundamental nesta busca.

Este telescópio (antes chamado E-ELT; a primeira E de Europa caiu porque a participação vai além de países europeus) será construído em no Cerro Armazones, no norte do Chile, e sua primeira pedra será colocada em 26 de maio deste ano: é possível que este encontre indícios de habitabilidade e/ou vida em outros planetas.

O citado telescópio, que será o maior e mais potente do mundo, será "uma ferramenta poderosa" para estudar estes e outros novos exoplanetas, sobretudo a composição de suas atmosferas, afirmou o diretor-geral do Observatório Europeu do Sul (ISSO), que acrescentou que, além disso, seria capaz de detectar biomarcadores que indiquem a presença de vida, caso exista.

O ELT estará pronto em novembro de 2024 e plenamente em operação no começo de 2025 (as obras de acondicionamento do local onde estará situado já começaram e 80% dos contratos industriais já foram assinados), confirmou o diretor-geral do ISSO, convidado pela Fundação BBVA a dar uma palestra em Madri dentro do ciclo "A ciência do cosmos, a ciência no cosmos".

"Se pudéssemos encontrar elementos nas atmosferas destes planetas rochosos que, a nosso entender, demonstrassem atividade biológica, seria algo enorme", ressaltou à Efe De Zeeuw, que acrescentou que "no final é uma questão de estarmos ou não a sós no Universo".

No entanto, lembra que a habitabilidade -características para ser habitável- e vida não são o mesmo, e admite que em algumas ocasiões são abertas portas à especulação: até agora o único exemplo de vida que há é o nosso e, segundo os biólogos, as condições para buscá-la, segundo a entendemos, são o carbono e a água.

De Zeeuw deixará seu cargo na direção do ISSO após dez anos, em setembro, e será substituído pelo espanhol Xavier Barcons.

Deste período, De Zeeuw, doutor pela Universidade de Leiden (Países Baixos), destacou que foi uma década "estupenda de descobertas", e os telescópios do observatório contribuíram, por exemplo, a confirmar que a expansão do Universo se acelera ao invés de frear e que existe um buraco negro em massa no centro da Via Láctea, além de participar dos achados de Proxima b e os sete planetas do sistema TRAPPIST-1.

Sob sua direção também entrou em funcionamento do Atacama Large Millimeter Array (ALMA), o maior radiotelescópio atual, e o começo da construção do ELT, com um telescópio de espelho segmentado de 39,3 metros de diâmetro, um "olho" gigante para olhar o universo, "o maior livro de história".

De Zeeuw deixará a gestão e voltará à pesquisa astronômica centrada na formação, estrutura e dinâmica das galáxias, nas quais inclui a Via Láctea.

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