Ciência

Diferenças nos vasos sanguíneos protegem crianças da covid-19, diz estudo

Vasos sanguíneos mais jovens e sistema imunológico protegem as crianças contaminadas de uma piora, de acordo com uma nova revisão

Fatores como vasos sanguíneos mais saudáveis podem explicar o fenômeno (d3sign/Getty Images)

Fatores como vasos sanguíneos mais saudáveis podem explicar o fenômeno (d3sign/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 12h52.

Especialistas do Instituto de Pesquisa Murdoch Children's (MCRI) revisaram estudos globais sobre o novo coronavírus para desvendar o motivo pelo qual a idade influencia na gravidade dos sintomas.

O estudo foi publicado no Arquivo de Doenças na Infância pelo professor Nigel Curtis e a doutora Petra Zimmermann. Eles afirmam que, diferentemente de outros vírus respiratórios, sintomas graves causados pela covid-19 são raros em crianças.

De acordo com Curtis, a maioria das crianças contaminadas não apresenta sintomas ou tem apenas reações leves, como febre, tosse, dor de garganta e alterações no olfato ou paladar. Mesmo as que estão no grupo de risco não costumam evoluir para um quadro grave da doença.

Um dos fatores que pode explicar o porquê é a saúde dos vasos sanguíneos nas crianças. As células endoteliais, que envolvem órgãos como o coração e os vasos sanguíneos, são degradadas com o avanço da idade.

"Sabemos que danos já existentes aos vasos sanguíneos desempenham um papel importante na gravidade da doença", afirma Curtis. O coronavírus pode infectar as células endoteliais e inflamar os vasos sanguíneos, resultando em coágulos, derrames e até ataques cardíacos.

Em crianças, as mesmas células ainda não sofreram tantos danos. Isso diminui as chances de elas desenvolverem qualquer coagulação anormal no sangue e, portanto, sintomas mais sérios.

Há também diferenças importantes no sistema imunológico. Infecções virais recorrentes podem melhorar a imunidade, tornando o sistema das crianças mais eficazes na eliminação do Sars-CoV-2.

"As crianças são mais propensas a terem vírus e bactérias, especialmente no nariz, o que pode limitar o desenvolvimento do vírus", explica Zimmermann.

A vitamina D e suas propriedades anti-inflamatórias também foram consideradas como fator de proteção. "Em muitos países, ela é suplementada em bebês. Por isso, geralmente o nível é mais alto em crianças", afirma a doutora.

Outro aspecto levado em consideração foi a vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola, comuns na infância, que impulsionam o sistema imunológico.

"Compreender as diferenças relacionadas à idade pode fornecer informações importantes para a prevenção e o tratamento contra o novo coronavírus", diz Curtis.

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