Entenda a diferença entre net zero e neutralidade de carbono
Jargões amplamente utilizados são distintos, segundo a The Carbon Trust. Entenda as diferenças e veja o que é preciso para atingir cada um desses status
Gabriella Sandoval
Publicado em 30 de julho de 2021 às 10h00.
Empresas que desejam se tornar net zero precisam lidar com jargões confusos e informações imprecisas que circulam atualmente, de acordo com a organização britânica The Carbon Trust, que ajuda empresas e governos a reduzir suas emissões.
A dificuldade está em entender o que é ser net zero e o que é neutralidade de carbono, duas coisas um pouco distintas. A neutralidade de carbono é alcançada quando nenhum equivalente de dióxido de carbono é adicionado à atmosfera por uma organização, empresa, edifício ou país. Isso pode envolver a eliminação de emissões, a compensação delas ou uma combinação de ambas.
Ser net zero também significa não adicionar novas emissões à atmosfera, diz a Organização das Nações Unidas, que está coordenando a campanha global Race to Zero, que prevê zerar as emissões globalmente até 2050. No entanto, alcançar o status net zero é mais difícil, uma vez que ele envolve também a eliminação das emissões indiretas geradas por toda a cadeia de valor, incluindo fornecedores e clientes.
Escopos 1, 2 e 3
Essas emissões, conhecidas como Escopo 3, segundo o GHG Protocol, incluem o que é gerado por bens e serviços adquiridos, distribuidores terceirizados e produtos vendidos; isto é, as emissões geradas quando os clientes usam os produtos de uma empresa.
Ou seja, para se tornar net zero, uma empresa deve eliminar essas emissões (Escopo 3); as de Escopo 1, que são as emissões pelas quais ela é diretamente responsável; e as emissões de Escopo 2, que são geradas pela compra de eletricidade, calor e vapor. Em contrapartida, a neutralidade de carbono cobre apenas as emissões do Escopo 1 e 2.
Emissões compensadas
Uma segunda diferença importante em relação ao net zero é que quaisquer emissões residuais (aquelas que se provam impossíveis de serem eliminadas) devem ser compensadas por meio da compra de remoção de gases de efeito estufa (GEE) que removem permanentemente uma quantidade equivalente de carbono da atmosfera. Isso pode incluir desde o reflorestamento – desde que as árvores permaneçam no solo por cerca de 100 anos – à captura e ao armazenamento direto de carbono no ar, onde as emissões são fisicamente removidas da atmosfera.
A neutralidade de carbono, por outro lado, permite que as emissões residuais sejam tratadas com a compra de compensações que levam a reduções ou eficiências de carbono. Como se vê, atingir o status net zero é um grande desafio. A boa notícia é que é cada vez maior o número de empresas dispostas a enfrentá-lo.