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Descoberto na Groenlândia, DNA mais antigo do mundo tem 2 milhões de anos

Kap Kobenhavn é hoje um deserto ártico, onde já foram descobertos diversos tipos de jazidas, inclusive fósseis de plantas e insetos muito bem conservados

A principal localidade na formação geológica de Kap Kobenhavn no norte da Groenlândia, Dinamarca (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 20h05.

Última atualização em 7 de dezembro de 2022 às 20h11.

DNA de 2 milhões de anos atrás, o mais antigo já extraído, foi obtido em sedimentos da era glacial na Groenlândia, uma descoberta que abre um novo capítulo para a paleogenética, anunciaram cientistas nesta quarta-feira, 7.

"O DNA foi capaz de sobreviver por 2 milhões de anos, o dobro do tempo do DNA mais antigo encontrado anteriormente", explicou à AFP Mikkel Winther Pedersen, um dos principais autores do estudo publicado na revista científica Nature.

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Identificados em sedimentos, os diferentes fragmentos de DNA vêm "da parte mais ao norte da Groenlândia, chamada Kap Kobenhavn, e pertencem a um ambiente que não vemos hoje na Terra", detalhou.

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Eles foram muito bem preservados, já que estavam congelados e foram encontrados em superfícies pouco exploradas, continuou o professor da Universidade de Copenhague.

"Os rios levaram minerais e matéria orgânica para o ambiente marinho, onde esses sedimentos terrestres foram depositados. Então, há cerca de 2 milhões de anos, essa massa terrestre subaquática ressurgiu e passou a fazer parte do norte da Groenlândia", explicou.

Kap Kobenhavn é hoje um deserto ártico, onde já foram descobertos diversos tipos de jazidas, inclusive fósseis de plantas e insetos muito bem conservados.

Os pesquisadores não tentaram determinar a origem do DNA dos elementos encontrados e havia muito pouca informação sobre a possível presença de animais.

Mas o trabalho dos pesquisadores, iniciado em 2006, permitiu traçar o contorno da região em 2 milhões de anos atrás.

"Tínhamos um ambiente florestal com mastodontes, renas, lebres e um grande número de espécies de plantas. Encontramos 102 táxons (agrupamento de organismos relacionados) de plantas diferentes", disse Winther Pedersen.

Segundo ele, a presença do mastodonte é particularmente notável, pois nunca havia sido observada tão ao norte antes.

"É uma caixa de Pandora que estamos prestes a abrir"

Os pesquisadores refletiram sobre a adaptabilidade das espécies porque, há 2 milhões de anos, a Groenlândia — "terra verde" em dinamarquês — apresentava temperaturas máximas de 11 ºC a 17 ºC em relação às atuais, mas, nessas latitudes, o sol não se põe durante os meses de verão nem nasce durante o inverno.

"Não vemos essa associação de espécies em nenhum outro lugar da Terra hoje", destacou o especialista em paleoecologia.

Isso "sugere que a plasticidade das espécies — a forma como as espécies são capazes de se adaptar a diferentes tipos de clima — pode ser diferente do que pensávamos antes", explicou

Graças a uma tecnologia inovadora, os pesquisadores descobriram que os 41 fragmentos estudados têm 1 milhão de anos a mais que o último registro de DNA obtido de um osso de mamute siberiano.

Foi necessário determinar se o DNA estava escondido na argila e no quartzo. Depois, foi possível separá-lo do sedimento para examiná-lo.

O método usado "fornece uma compreensão fundamental de por que minerais ou sedimentos podem preservar o DNA. É uma caixa de Pandora que estamos prestes a abrir", explicou Karina Sand, que lidera o grupo de geobiologia da Universidade de Copenhague e que participou do estudo.

Para Winther Pedersen, com esta descoberta "quebramos a barreira do que pensávamos que poderíamos alcançar em termos de estudos genéticos".

"Durante muito tempo acreditávamos que 1 milhão de anos era o limite de sobrevivência do DNA, mas hoje vemos que é o dobro. E, claro, isso nos impulsiona a procurar outros lugares", acrescentou.

"Existem vários lugares no mundo que possuem jazidas geológicas tão antigas quanto, ou mais antigas", segundo o pesquisador.

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