Ciência

Descoberta pode melhorar tratamento de doença hepática gordurosa

Estudo descobriu que há pelo menos dois subtipos principais da doença, o que pode melhorar seu diagnóstico e tratamento

Medicina: forma mais severa de NAFLD é a esteatose hepática não alcoólica (Getty Images/Getty Images)

Medicina: forma mais severa de NAFLD é a esteatose hepática não alcoólica (Getty Images/Getty Images)

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EFE

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 15h13.

Madri.- A esteatose hepática não alcoólica é a forma mais severa da doença do fígado gorduroso não alcoólico e, assim como o câncer, pode tratar-se de muitas doenças e não de uma só, segundo um novo estudo que demonstra que há pelo menos dois subtipos principais, o que pode melhorar seu diagnóstico e tratamento.

Os resultados foram publicados na revista "Gastroenterology" em um artigo assinado por cientistas do Centro de Pesquisa Cooperativa em Biociências (CIC bioGUNE) e do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Doenças Hepáticas e Digestivas (CIBEREHD) da Espanha, junto com a empresa OWL Metabolomics, além de especialistas dos Estados Unidos.

Durante as últimas décadas, a incidência da doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD, na sigla em inglês) se multiplicou e agora é a mais comum das doenças do fígado: entre 20% e 40% dos adultos de países ocidentais sofrem dela, segundo o CIC bioGUNE.

A forma mais severa de NAFLD é a esteatose hepática não alcoólica (NASH, na sigla em inglês) e, na atualidade, embora o tratamento baseado na perda de peso e no aumento de exercício físico seja bastante eficaz, não tem um tratamento aprovado.

A enfermidade é diagnosticada através de uma biópsia hepática, o que não está isento de controvérsias devido ao custo e aos efeitos secundários, entre outros, confirmou à Agência Efe José María Mato, do CIC bioGUNE e do CIBEREHD, e autor principal do estudo, que acrescentou que a grande maioria de pacientes não é diagnosticada por esse motivo.

Tanto a doença hepática gordurosa não alcoólica como sua forma mais severa têm origem quando a síntese e a entrada de lipídios a partir do sangue saturam a capacidade do fígado para oxidá-los, transformá-los e eliminá-los em forma de lipoproteínas.

Os lipídios mais conhecidos são o colesterol, os triacilgliceróis e os ácidos graxos e os obtemos pela dieta.

Acumular gordura no fígado é normal do ponto de vista evolutivo e fisiológico (na migração de aves, por exemplo); no entanto, parte dos humanos transformaram a acumulação de gorduras em algo crônico, o que representa um risco: a gordura acumulada passa de benigna a maligna, inicia um processo inflamatório, que se transforma em fibrose, cirrose e depois em câncer.

O autor principal do estudo relatou que agora, neste experimento realizado com quase 600 pacientes, ficou comprovado que há dois subtipos principais de esteatose hepática não alcoólica (denominados 'M' e 'não M'), que se diferenciam pelo tipo de alterações que têm no metabolismo dos lipídios.

Para comprová-lo, foi retirada dos pacientes uma pequena amostra de sangue da qual foram analisados mais de 400 lipídios.

Os pesquisadores viram que metade dos pacientes padecia do subtipo M e que todos tinham suficiência de uma substância chamada SAME.

Já existem no mercado fármacos baseados nesta substância. Na Itália, na Rússia e na Alemanha são vendidos para a depressão, artrose e doenças hepáticas em estado muito avançado. Nos EUA, são vendidos como suplemento nutricional.

Desta vez, os pesquisadores o testaram em modelos de rato com esteatose hepática não alcoólica de subtipo M e comprovaram que sua administração é efetiva para seu tratamento.

Assim, os cientistas acreditam que os pacientes com este subtipo também possam ser curados, o que ainda precisa ser comprovado em testes clínicos, segundo José María Mato, que afirmou que vários já estão em andamento nos EUA.

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