Coronavírus: vírus sofre constantes mutações. Mas siso não o deixa mais transmissível (Taechit Taechamanodom/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 25 de maio de 2020 às 15h55.
Um estudo realizado pela University College London, no Reino Unido, pode ter revelado que as mutações do novo coronavírus não necessariamente fazem que a covid-19 se torne mais agressiva em relação ao seu potencial de transmissão. A pesquisa ainda não foi propriamente revisada.
“Empregamos uma nova técnica para determinar se os vírus com uma nova mutação são realmente transmitidos a uma taxa mais alta e descobrimos que nenhuma das mutações parece estar fazendo isso“, afirmou Francois Balloux, professor da UCL e responsável pela nova pesquisa.
Para o estudo, os cientistas modelaram a árvore evolutiva do vírus e analisaram se uma determinada mutação estaria se tornando mais comum dentro de determinado ramo da árvore. Se isso estivesse acontecendo, o vírus poderia estar se tornando mais infeccioso a partir de novas mutações.
Sem evidências do desenvolvimento das capacidades virais do covid-19, os resultados mostraram que a maioria dessas mutações é considerada neutra. Ou seja, não afetam caraterísticas como a letalidade ou o potencial de transmissibilidade do vírus.
Ainda que o estudo tenha sido publicado em formato de pré-impressão e não tenha sido revisado por pares da comunidade científica internacional, a pesquisa feita com 15 mil pacientes infectados de 75 países foi elaborada de acordo com outro estudo realizado e já revisado e publicado no começo do mês na revista científica Infection, Genetics and Evolution.
Assim como outras infecções virais, o novo coronavírus pode desenvolver novas mutações de três formas distintas. Por ora, pesquisadores da UCL, do Centro de Pesquisa Agrícola Francês (Cirad) e da Université de la Réunion, também na França, além da Universidade de Oxford, no Reino Unido, identificaram 6.822 mutações diferentes do SARS-CoV-2 em todo o planeta.
Segundo os pesquisadores, a maioria dessas mutações é induzida pelo próprio sistema imunológico das pessoas que são infectadas pelo vírus. Em outras palavras, o corpo humano, com seus agentes biológicos de combate, faz com que o vírus se modifique. O contrário seria mais preocupante, uma vez que o vírus se adaptaria melhor para sobreviver ao hospedeiro.