Ciência

Cigarros de alta tecnologia são mais saudáveis?

Órgãos reguladores dos EUA querem mais dados para avaliar todos os possíveis riscos para a saúde dos novos cigarros eletrônicos

Cigarro eletrônico: órgão federal americano quer mais dados sobre uso (grinvalds/Thinkstock)

Cigarro eletrônico: órgão federal americano quer mais dados sobre uso (grinvalds/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 27 de janeiro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 27 de janeiro de 2018 às 08h00.

A Philip Morris International quer mudar para um "futuro sem fumaça", mas os órgãos reguladores dos EUA consideram necessário ter mais dados para avaliar todos os possíveis riscos para a saúde dos novos cigarros eletrônicos da empresa.

Embora o dispositivo da empresa, o IQOS, tenha reduzido a exposição a alguns produtos químicos nocivos presentes no ato de fumar, ainda assim os usuários poderiam desenvolver certas lesões pré-cancerosas semelhantes às que podem ser causadas por cigarros tradicionais, informou a equipe da Food and Drug Administration em um relatório publicado na segunda-feira.

É necessário realizar um estudo completo sobre o potencial cancerígeno do IQOS antes que ele possa ser comercializado como uma alternativa mais segura aos cigarros, segundo o relatório. A Philip Morris deverá divulgar os resultados desse estudo no fim deste ano, de acordo com o relatório.

As conclusões foram anunciadas em um momento em que as empresas de tabaco enfrentam um declínio na venda de cigarros nos EUA e em plena campanha da FDA para reduzir a quantidade de nicotina nos cigarros para níveis não viciantes.

O IQOS tem um aquecedor eletrônico e um bastão que será aquecido e se assemelha a um cigarro curto. Os usuários inserem o bastão no aquecedor e aspiram do bastão, que foi aquecido a quase 315 ºC. Um cigarro comum queima a quase 540 ºC, de acordo com a Philip Morris.

O relatório da FDA interroga se os estudos da empresa sobre os efeitos toxicológicos não cancerígenos dos IQOS eram os adequados para medir os efeitos do uso crônico e manifestou preocupação em relação a qualquer possibilidade de benefício, porque os testes mostraram que os usuários tendiam a usar IQOS e cigarros, em vez de adotar exclusivamente o IQOS.

Reunião iminente

Os comentários da equipe da FDA chegam às vésperas de uma reunião marcada para quarta e quinta-feira de assessores externos da agência para discutir o pedido da Philip Morris de denominar o IQOS como dispositivo com menos risco que o cigarro. O pedido da gigante do tabaco tinha mais de três milhões de páginas, informou a empresa anteriormente.

A FDA pedirá aos especialistas externos que indiquem se a Philip Morris demonstrou que trocar completamente os cigarros pelo IQOS reduz o risco de desenvolver doenças relacionadas ao tabaco. A FDA não precisa acatar a decisão do painel consultivo, mas isso a ajudará a definir se denomina o IQOS como um "produto de tabaco com risco modificado", ou seja, que beneficiará a saúde da população como um todo.

A Philip Morris afirma que a ausência de fogo, fumaça e cinzas elimina em média de 90 por cento a 95 por cento dos produtos químicos prejudiciais nos cigarros. A equipe da FDA determinou que o aerossol liberado pelo IQOS produz níveis muito mais baixos de agentes cancerígenos do que a fumaça dos cigarros, mas em graus variados.

"Esperamos ansiosamente a oportunidade de discutir as evidências científicas" na audiência, disse o porta-voz da Philip Morris, Corey Henry, em um comunicado.

Acompanhe tudo sobre:CigarrosCigarros eletrônicosPhilip MorrisSaúde

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus