Ciência

Cigarro eletrônico aumenta em até 7 vezes risco de jovens pegarem covid-19

Estudo, publicado ontem (11) no Journal of Adolescent Health, é o primeiro a relacionar o uso de cigarros eletrônicos entre jovens e o coronavírus

Cigarro eletrônico: adolescentes e jovens adultos que utilizam têm um risco muito maior de serem infectados pela covid-19 (Nick Ansell/Getty Images)

Cigarro eletrônico: adolescentes e jovens adultos que utilizam têm um risco muito maior de serem infectados pela covid-19 (Nick Ansell/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 21h12.

Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 21h22.

Adolescentes e jovens adultos que utilizam cigarros eletrônicos têm um risco muito maior de serem infectados pela covid-19 do que os que não fazem uso. Estudo conduzido pela escola de medicina da Universidade de Stanford (EUA) apontou que o risco chega a ser cinco a sete vezes maior em pessoas que usam o "vape" ou vaporizador, como também são conhecidos os cigarros eletrônicos.

O estudo, publicado ontem (11) no Journal of Adolescent Health, é o primeiro a relacionar o uso de cigarros eletrônicos entre jovens e o coronavírus, através de dados populacionais dos EUA coletados durante a pandemia.

“Adolescentes e jovens adultos precisam saber que se você usa cigarros eletrônicos, provavelmente corre o risco imediato de contrair covid-19 porque está danificando seus pulmões”, disse uma das autoras do estudo, Bonnie Halpern-Felsher.

"Não é apenas um pequeno aumento no risco"

“Os jovens podem acreditar que sua idade os protege de contrair o vírus ou que eles não apresentarão sintomas de covid-19, mas os dados mostram que isso não é verdade entre aqueles que usam o vaporizador”, afirmou o principal autor do estudo, Shivani Mathur Gaiha.

“Este estudo nos diz muito claramente que os jovens que usam vapes ou fazem uso duplo [cigarros eletrônicos e cigarros convencionais] estão em risco elevado, e não é apenas um pequeno aumento no risco; é um grande problema ”, disse Gaiha.

Os dados foram coletados através de pesquisa online, em maio. Participaram 4.351 pessoas, com idades entre 13 e 24 anos, que viviam nos Estados Unidos. Os dados foram cruzados com dados populacionais do país.

Os participantes responderam perguntas sobre se já haviam usado dispositivos de vaporização ou cigarro comum, e também se fizeram uso nos últimos 30 dias. Eles também responderam sobre a Covid-19 (se tiveram sintomas, se fizeram teste e se testaram positivo).

Resultados

Os jovens que usaram cigarros convencionais e cigarros eletrônicos nos últimos 30 dias tiveram quase cinco vezes mais chances de apresentar sintomas de covid-19, como tosse, febre, cansaço e dificuldade para respirar, do que aqueles que nunca fumaram ou vaporizaram.

Dependendo de quais produtos de nicotina eles usaram e quão recentemente eles haviam usado, os jovens que vaporizaram ou fumaram, ou ambos, tiveram 2,6 a nove vezes mais probabilidade de testarem positivo para covid-19 do que os não usuários.

Brasil

Uma resolução da Anvisa, de 2009, proíbe a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarros eletrônicos. Esses dispositivos eletrônicos são apresentados como uma alternativa ao cigarro comum, ou até como uma forma de transição para quem quer deixar de fumar — mesmo sem comprovação. Apesar da proibição, as pessoas conseguem adquirir por sites e redes sociais e em comércios populares.

Acompanhe tudo sobre:CigarrosCigarros eletrônicosCoronavírusEstados Unidos (EUA)Pesquisas científicasSaúdeUniversidade Stanford

Mais de Ciência

Astrônomos tiram foto inédita de estrela fora da Via Láctea

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas