Ciência

Cientistas identificam nova ameaça à camada de ozônio

Escudo protetor natural da Terra ganhou mais um inimigo

Ozônio total sobre a Antártida: as cores roxas e azuis são onde há menos ozônio, e os amarelos e vermelhos, onde há mais ozônio (set/2017). (NASA/Reprodução)

Ozônio total sobre a Antártida: as cores roxas e azuis são onde há menos ozônio, e os amarelos e vermelhos, onde há mais ozônio (set/2017). (NASA/Reprodução)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 29 de junho de 2017 às 15h48.

Última atualização em 29 de junho de 2017 às 15h49.

São Paulo - Os clorofluorocarbonos (CFCs), muito utilizados antigamente em refrigeradores e aerossóis, e gases semelhantes foram proibidos pelo Protocolo de Montreal, em 1987, em resposta aos crescentes danos que causavam à camada de ozônio, escudo protetor natural da Terra contra os raios prejudiciais do sol.

Mas uma pesquisa publicada nesta semana na revista científica Nature Communications sugere que uma substância chamada diclorometano, anteriormente ignorada, pode prejudicar a camada de ozônio e atrasar sua recuperação no longo prazo.

Após a implementação do protocolo da ONU, os cientistas estimaram que os níveis de ozônio anteriores a 1980 na Antártida, um dos lugares mais afetados, se recuperariam na segunda metade deste século. Dependendo do nível de emissões de diclorometano, porém, esse processo pode levar até três décadas a mais.

Diferentemente das espécies de cloro de longa duração, como os CFCs, o diclorometano tem uma vida útil baixa e por isso não foi submetido à regulação. Apesar disso, os cientistas advertem que sua concentração atmosférica tem aumentado na última década.

Eles suspeitam que esse crescimento pode estar relacionado ao aumento do uso desse produto químico como solvente no lugar de outros que foram eliminados. "Embora a depleção da camada de ozônio pelo diclorometano seja bastante modesta, é incerto como a quantidade desse gás na atmosfera irá mudar no futuro", explica em comunicado o principal autor do estudo, Ryan Hossaini, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

Junto com seus colegas, o pesquisador usou um modelo de transporte químico global para examinar a sensibilidade dos níveis de cloro e ozônio estratosféricos futuros ao crescimento sustentado do diclorometano. As medições de diclorometano na atmosfera nas últimas duas décadas, fornecidas por cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) nos Estados Unidos, também foram analisadas.

Segundo os cientistas, os aumentos observado de diclorometano a partir das medições são "impressionantes e inesperados": as concentrações diminuíram lentamente no final da década de 1990, mas desde o início dos anos 2000 aumentaram em várias partes do mundo.

Sobre as implicações mais amplas da descoberta e perspectivas para proteção da camada de ozônio, Hossaini disse que é preciso estar atento à crescente ameaça representada pelo diclorometano e produtos químicos similares não controlados pelo Protocolo de Montreal. "Há trabalho a ser feito para melhor compreender e quantificar a principais fontes desses gases para a atmosfera".

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