Ciência

Cientistas descobrem que humanos na era do gelo usavam material inusitado para fabricar agulhas

Estudo publicado no dia 27 de novembro na revista PLOS ONE trouxe evidências importantes sobre os primeiros habitantes da América do Norte

Pinturas rupestres da Era do Gelo (GUILLERMO LEGARIA/Getty Images)

Pinturas rupestres da Era do Gelo (GUILLERMO LEGARIA/Getty Images)

nIA Bot
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Publicado em 27 de novembro de 2024 às 19h34.

Pesquisadores descobriram agulhas feitas de ossos de diversos animais, indicando a confecção de roupas para resistir ao clima gelado.

Um estudo publicado no dia 27 de novembro na revista PLOS ONE trouxe evidências importantes sobre os primeiros habitantes da América do Norte durante a última Era do Gelo.

Em um sítio arqueológico em Wyoming, cientistas encontraram agulhas feitas a partir de ossos de animais como raposas, coelhos, linces, pumas, e até de uma espécie extinta de guepardo americano. Esses objetos sugerem que roupas complexas e adaptadas ao frio extremo eram essenciais para a sobrevivência da época.

Os achados foram feitos no sítio de La Prele, conhecido por abrigar vestígios humanos datados de cerca de 13 mil anos. O local já havia revelado evidências da caça ou aproveitamento de um mamute-colombiano, e os pesquisadores acreditam que a ocupação ocorreu nos últimos anos da Idade do Gelo, quando a temperatura na região era entre nove e 11 graus mais fria do que hoje.

Agulhas de osso: evidência da adaptação ao frio

A equipe, liderada por Spencer Pelton, arqueólogo do estado de Wyoming, utilizou tecnologias como microtomografia computadorizada e espectrometria de massa para analisar 32 fragmentos de ossos. Com isso, foi possível identificar que os primeiros habitantes da região utilizavam animais menores e de pelo denso para a confecção de suas vestimentas. Entre eles, raposas-vermelhas, coelhos, linces e outros felinos, além do guepardo americano.

Esse achado quebra a visão tradicional de que as populações paleoíndias dependiam exclusivamente da caça de grandes animais, como bisões e mamutes. " A presença desses pequenos animais sugere o uso de armadilhas para capturá-los ", explicou Pelton.

Garmentaria avançada e semelhanças com povos indígenas modernos

Embora nenhuma peça de roupa tenha sido preservada, as evidências indiretas apontam que as vestimentas possuíam costuras bem ajustadas e eram feitas com peles de diferentes animais.

Segundo Pelton, essas roupas se assemelhariam às usadas por povos indígenas como os Inuit, projetadas para suportar temperaturas extremas e ventos cortantes. “ Eram trajes complexos, decorados com pelos e até pés de animais, um estilo semelhante ao adotado por caçadores modernos ”, disse.

A pesquisa em La Prele fornece uma janela para as práticas culturais e adaptativas das primeiras comunidades humanas nas Américas, destacando sua capacidade de inovação frente aos desafios climáticos da última Idade do Gelo.

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