Ciência

Cientistas descobrem gene misterioso no vírus da covid-19

Recentemente descoberto, um gene sobreposto (dentro de outro gene) pode ter sido o grande vilão na alta propagação do novo coronavírus

Covid-19: vírus tem cerca de 15 genes, mas outros podem estar sobrepostos (dentro de outros genes) (koto_feja/Getty Images)

Covid-19: vírus tem cerca de 15 genes, mas outros podem estar sobrepostos (dentro de outros genes) (koto_feja/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 12h33.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 13h54.

Há uma razão pela qual o vírus SARS-CoV-2 é mais infeccioso do que outros coronavírus. E os pesquisadores acreditam que isso pode estar relacionado a pelo menos um gene misterioso presente no vírus da covid-19. De acordo com uma nova pesquisa científica, no conjunto 15 genes que compõem o vírus, um deles pode ter sido o responsável direto pelo impacto pandêmico da doença.

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Publicado na revista científica eLife, o estudo aponta que os vírus contam com cerca de 15 genes no total. No caso do novo coronavírus, um gene oculto chamado de ORF3d, tem a capacidade de codificar uma proteína mais longa do que o habitual ao acaso. Isso faz com que o gene produza uma resposta mais forte contra os anticorpos dos pacientes com covid-19.

Este gene é considerado oculto porque está sobreposto. Ou seja, dentro de um outro gene. “A sobreposição dos genes pode ser uma das maneiras pelas quais os coronavírus evoluíram e se replicaram com eficiência para impedir a imunidade do hospedeiro ou se transmitirem”, afirmou Chase Nelson, autor o estudo e pesquisador da Academia Sinica, em Taiwan.

Nelson explica que a descoberta pode ajudar não apenas a entender o potencial do vírus, mas também a criar formas de controlar a infecção. “Saber que genes sobrepostos existem e entender o funcionamento deles pode revelar novos caminhos para o controle do coronavírus pelo uso de drogas antivirais, por exemplo”, afirma.

Identificar um gene sobreposto é uma tarefa complicada, mesmo que eles sejam comuns em vírus. A maioria dos computadores não consegue fazer isso. O estudo explica que os vírus de RNA têm uma alta taxa de mutação, o que tende a manter a contagem dos genes baixa. Quando há uma alteração nesta contagem, entende-se que existe um gene escondido.

(EXAME Research/Exame)

Esta reflexão só é possível de ser feita porque Nelson desenvolveu um programa de computador capaz de rastrear genomas em busca de padrões de mudanças genéticas exclusivos de genes sobrepostos. Por coincidência, isto foi feito ainda antes da pandemia do novo coronavírus.

A expectativa dos pesquisadores agora é de que este gene escondido possa ser analisado em laboratório para que os cientistas relatem a sua verdadeira função dentro do vírus e como este poderia ser neutralizado para que não impedisse a ação dos anticorpos em pacientes com covid-19, o que iria ser determinante para criar tratamentos contra o vírus SARS-CoV-2.

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