Cientistas debatem: um asteroide pode colidir com a Terra?
Eventos online no mundo inteiro lembram o maior impacto causado por um corpo celeste na Terra na história moderna
EXAME Hoje
Publicado em 30 de junho de 2020 às 06h56.
Quais são as chances de um asteroide colidir com a Terra? Quando isso poderá ocorrer? Há como evitar uma catástrofe? São algumas dúvidas que os fãs de astronomia poderão tirar com especialistas do mundo inteiro nesta terça-feira (30), o Dia do Asteroide. A data foi reconhecida em 2016 pelas Nações Unidas como forma de conscientizar as autoridades e a população em geral sobre os riscos de o nosso planeta ser atingido por um corpo celeste como o que caiu no dia 30 de junho de 1908 perto do rio Podkamennaya Tunguska, na Sibéria, que então pertencia ao império soviético.
O “evento de Tunguska”, como ficou conhecido, é o maior impacto causado por um corpo celeste na Terra na história moderna. A bola de fogo, com estimados 50 a 100 metros de diâmetro, explodiu na atmosfera e produziu cerca de 185 vezes mais energia do que a bomba atômica que arrasaria a cidade de Hiroshima durante a Segunda Guerra. O asteroide destruiu cerca de 80 milhões árvores em uma área de 2.000 quilômetros quadrados de florestas na Sibéria. Por sorte, a região era pouco habitada, e não há registro de mortes de pessoas.
O Dia do Asteroide foi um movimento criado em 2014 por Brian May (astrofísico e guitarrista da banda de rock Queen), Rusty Schweickart (astronauta da missão espacial Apollo 9), Grig Richters (cineasta) e Danica Remy (presidente da fundação de astronomia B612). Entre 30 de junho e 4 de julho, o site AsteroidDay.org irá transmitir, várias vezes ao dia, uma série de sete painéis com diversos astronautas e cientistas que vão discutir temas como as novas descobertas de asteroides e o futuro das missões espaciais para pesquisar esses corpos celestes.
O site AsteroidDay.org também compila eventos programados em vários países para marcar a data. No Brasil, entre outras iniciativas, o Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina (Gedal), no Paraná, realizará um evento online nesta terça-feira, às 20 horas, em sua página no Facebook (www.facebook.com/grupogedal). Membros do grupo participarão de um bate-papo sobre asteroides e responderão a perguntas feitas pelo chat sobre qualquer outro tópico ligado à astronomia.
Estima-se que haja mais de 500.000 asteroides no sistema solar, dos quais menos de 2.000 têm tamanho suficiente (mais de 140 metros de diâmetro) ou orbitam a uma distância relativamente próxima da Terra (7,5 milhões de quilômetros) para trazer algum perigo de colisão com o nosso planeta. No entanto, segundo a Nasa, a agência espacial americana, não há nenhum asteroide conhecido que represente um risco significativo de atingir a Terra nos próximos 100 anos.
Pequenos asteroides, com alguns metros de diâmetro, passam entre a Terra e a órbita da Lua várias vezes por mês. Praticamente todos os dias, meteoroides (fragmentos de materiais que vagueiam pelo espaço) explodem ao atingir a atmosfera da Terra, causando as brilhantes chuvas de meteoros que podemos observar à noite no céu e que às vezes deixam restos no chão (os meteoritos).
Um dos asteroides que a Nasa vem estudando com atenção é o Bennu, que tem 525 metros de diâmetro e foi descoberto em 1999. A chance de ele atingir a Terra entre os anos 2175 e 2195 é de 0,037%. Nenhum de nós estará vivo até lá, mas os nossos descendentes, provavelmente, também não correrão o risco de ver o asteroide despencar sobre a cabeça. Cientistas de vários países monitoram os corpos celestes potencialmente perigosos e estudam diversas técnicas – como o uso de artefatos nucleares ou uma nave espacial – para provocar uma explosão ou um impacto capaz de desviar a trajetória desses corpos e evitar a colisão com a Terra. Pelo menos na teoria, parece que funciona.