Cientistas criam célula solar que estica e resiste a lavagens
No campo da saúde, fontes de energia compatíveis com materiais têxteis desempenham um papel crucial na criação de dispositivos portáteis
Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de setembro de 2017 às 15h48.
Última atualização em 25 de setembro de 2017 às 15h51.
São Paulo - O advento da Internet das Coisas, baseada em rede de dispositivos que coletam e transmitem dados de forma autônoma via internet, traz a reboque um desafio: garantir energia de forma contínua para os dispositivos portáteis.
Atentos ao problema e às oportunidades, pesquisadores da RIKEN, centro pesquisas laboratoriais avançadas do Japão, e da Universidade de Tóquio desenvolveram um novo tipo de célula fotovoltaica ultrafina, revestida por filmes flexíveis e impermeáveis.
Mesmo depois de ser molhada em água ou esticada e comprimida, ela continua a fornecer eletricidade a partir da luz solar.
O trabalho, publicado na revista Nature Energy, pode abrir o caminho para o desenvolvimento de dispositivos solares portáteis, que fornecerão energia a gadgets como monitores de saúde incorporados na roupa.
Segundo os pesquisadores, três características são importantes para o sucesso da energia fotovoltaica compatível com materiais têxteis: estabilidade em diferentes ambientes (tanto no ar como na água), eficiência energética e robustez mecânica (incluindo a resistência à deformação).
No passado, foram feitas tentativas para criar células solares que poderiam ser incorporadas em tecidos, mas em geral o resultado deixava a desejar em pelo menos uma das propriedades importantes.
Para testar a resistência do novo dispositivo, os pesquisadores mergulharam-no em água durante duas horas e o submeteram à compressão, e descobriram que ele ainda manteve 80 por cento da eficiência original.
As células solares são super finas e flexíveis graças a um material chamado PNTz4T que a equipe de pesquisa desenvolveu em estudos anteriores. Além disso, elas receberam um revestimento especial de um polímero com propriedades "elásticas" em ambos os lados, que confere flexibilidade e impermeabilização, permitindo que a luz entre.
"Ficamos muito satisfeitos ao descobrir que o nosso dispositivo possui uma grande estabilidade ambiental ao mesmo tempo que possui uma boa eficiência e robustez mecânica. Esperamos que esses sistemas fotovoltaicos laváveis, leves e flexíveis abram novo caminho para sensores portáteis e outros dispositivos", disse em nota, Kenjiro Fukuda, do RIKEN.