Ciência

Astrônomos se aproximam das primeiras estrelas depois do Big Bang

Elas se formaram "apenas" 250 milhões de anos depois do evento que deu origem ao nosso universo

 (ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), NASA/ESA HUBBLE SPACE TELESCOPE, W. ZHENG (JHU), M. POSTMAN (STSCI), THE CLASH TEAM, HASHIMOTO ET AL./Reprodução)

(ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), NASA/ESA HUBBLE SPACE TELESCOPE, W. ZHENG (JHU), M. POSTMAN (STSCI), THE CLASH TEAM, HASHIMOTO ET AL./Reprodução)

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AFP

Publicado em 18 de maio de 2018 às 05h55.

Última atualização em 18 de maio de 2018 às 05h56.

Ao descobrirem provas da formação de estrelas que se aglutinaram apenas 250 milhões de anos depois do Big Bang, os astrônomos se aproximam um pouco mais dos astros mais procurados do Universo: as primeiras estrelas que iluminaram o espaço.

"Conseguimos observar a galáxia mais distante conhecida até o momento, e ao analisar a luz de suas estrelas mais antigas, conseguimos demonstrar que se formaram 250 milhões de anos após o Big Bang", explicou à AFP Nicolas Laporte, cientista do University College de Londres.

Tudo começou quando uma equipe internacional de astrônomos detectou um brilho muito tênue proveniente do oxigênio de uma galáxia muito distante batizada de MACS1149-JD1, graças ao potente radiotelescópio ALMA e aos quatro enormes telescópios VLT do Observatório Europeu Austral (ESO).

Os astrônomos calcularam então que o sinal foi emitido há cerca de 13,280 bilhões de anos, ou 500 milhões de anos após o Big Bang.

Este brilho, que por si só constitui um recorde de rastro de oxigênio mais distante já detectado por um telescópio, permitiu inferir que havia estrelas formadas neste ponto 250 milhões de anos antes da emissão do sinal.

Segundo a teoria mais aceita, após o Big Bang - há 14 bilhões de anos - o universo estava composto por um gás uniforme que mesclava elementos leves como hidrogênio e hélio criados pela gigantesca explosão.

Mas os elementos mais pesados, como ferro, carbono e oxigênio foram fabricados nos núcleos das estrelas.

Então, se os astrônomos puderam detectar oxigênio, isto significa que "esta galáxia abrigava uma população de estrelas em idade avançada", explicou Nicolas Laporte, acrescentando que sua formação poderia remontar a 250 milhões de anos após o Big Bang.

Segundo o estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature, a descoberta prova que "as galáxias já existiam antes das que detectamos atualmente pelo método direto".

Os cientistas seguem buscando datar "o amanhecer cósmico", o momento em que nasceu a primeira galáxia ou o momento no qual o gás primordial se transformou em um ambiente propício para a vida.

"A datação do amanhecer cósmico constitui o Graal da cosmologia. Graças a estas novas observações da MACS1149-JD1, nos aproximamos da época a que se remonta toda esta primeira luz estelar", declarouRichard Ellis, acadêmico do University College de Londres e coautor do estudo.

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