Repórter
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 14h17.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 14h27.
Arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História, o INAH, identificaram no estado de Tamaulipas, no México, um crânio com deformacão intencional em forma de "cubo". A descoberta ocorreu na zona arqueológica de Balcón de Montezuma, na região da Serra Madre Oriental.
Segundo o boletim oficial divulgado pelo INAH, os restos mortais pertencem a um homem adulto com mais de 40 anos, que viveu entre os anos 400 e 900 d.C., durante o período Clássico mesoamericano. O aspecto mais inusitado da descoberta é a forma da cabeça, resultado de uma técnica de modificação craniana conhecida como "tabular erecta", em sua variante "paralelepipédica".
A forma geométrica foi possivelmente alcançada por meio da aplicação de pranchas de madeira, utilizadas para comprimir o crânio de crianças ainda pequenas, quando os ossos estão em formação. Os suportes seriam colocados na parte traseira da cabeça, sobre o osso occipital, e na testa, moldando a estrutura óssea até atingir o resultado desejado.
Embora esse tipo de modificacão seja mais característica do sudeste da Mesoamérica, os estudos com isótopos de estrôncio demonstraram que o indivíduo não era um migrante. Análises comprovaram que ele nasceu e cresceu na região da Serra Madre Ocidental, indicando um caso de adoção cultural local, não de influência externa direta.
Pesquisadores levantam a hipótese de que a prática estivesse associada a uma elite regional. A deformacão poderia sinalizar uma identidade de status, adotada como marcador visual de distinção dentro do grupo. Ao mesmo tempo, sugere um cenário de circulação de ideias, estéticas e técnicas entre diferentes regiões da Mesoamérica.
Embora já tenham sido registradas outras formas de deformacão craniana em Tamaulipas, esta é a primeira evidência de um formato tão verticalizado e geométrico. A descoberta reforça a tese de integração cultural entre o norte e o centro-sul do território mesoamericano.
O crânio identificado oferece base física para rever antigos paradigmas sobre a suposta marginalização cultural do norte mesoamericano. A existência de práticas estéticas alinhadas a regiões mais centrais indica uma participação mais ativa e conectada nas dinâmicas ritualísticas do período.
A zona arqueológica de Balcón de Montezuma segue sendo objeto de estudo e escavação por parte do INAH, com novas descobertas esperadas para os próximos anos. A região vem ganhando destaque por apresentar traços culturais anteriormente atribuídos apenas a áreas mais ao sul da Mesoamérica.