Ciência

Aquecimento global está derretendo múmias mais antigas do mundo

Múmias dos Chinchorros são um conjunto de 180 múmias chilenas, que estão preservadas há 7 mil anos

Múmias dos Chinchorros: múmias estão entrando em rápida decomposição e se transformando em uma gosma preta

Múmias dos Chinchorros: múmias estão entrando em rápida decomposição e se transformando em uma gosma preta

Fernando Pivetti

Fernando Pivetti

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 14h25.

Última atualização em 11 de novembro de 2016 às 15h06.

Além de ameaçar o ecossistema, a mudança climática começou a destruir uma coisa inusitada: múmias – os exemplos mais antigos de preservação ritualística de cadáveres em decomposição de que se tem notícia.

As Múmias dos Chinchorros são um conjunto de 180 múmias chilenas, que estão preservadas há 7 mil anos – só para dar uma ideia, algumas das egípcias são pelo menos 2 mil anos mais novas.

Mas, nos últimos 10 anos, mesmo com toda a proteção de ponta que o Museu Arqueológico de San Miguel de Azapa, da Universidade de Tarapacá, tem para oferecer, as múmias de lá estão entrando em rápida decomposição e se transformando em uma gosma preta nojenta.

Uma investigação feita pelo próprio museu mostrou que foi o aumento da umidade que encorajou o crescimento de micróbios oportunistas nas relíquias, acelerando o processo de decomposição orgânica – a gosma preta seria o produto desse processo.

E o aumento da umidade está ligado à disparada da temperatura na Terra, causada, já sabemos, por atividades humanas – principalmente a queima de combustíveis fósseis.

O estrago é incalculável porque essas múmias são capítulos importantes do passado das Américas. O povo que as fabricou, os Chinchorros, eram caçadores-coletores, e tinham uma técnica própria de preservação de corpos – que envolvia o uso de areia do deserto -, e que era praticada principalmente em crianças e fetos mortos.

Desde o ano passado, a equipe de conservação do museu vem tentando solucionar o problema – e está começando a ficar desesperada. Agora, ela pediu ajuda a organizações internacionais, como a UNESCO (órgão da ONU que cuida de questões culturais), para que o mundo inteiro fique sabendo do perigo que as múmias estão correndo. Se nada funcionar, elas devem desaparecer em poucos anos.

Este conteúdo foi publicado originalmente na revista Superinteressante.

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