Ciência

Alzheimer, uma doença ainda sem cura

Embora o mal de Alzheimer seja a demência mais comum, suas causas e mecanismos precisos ainda são amplamente desconhecidos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas em todo mundo sofrem de demência (krisanapong detraphiphat/Getty Images)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas em todo mundo sofrem de demência (krisanapong detraphiphat/Getty Images)

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AFP

Publicado em 20 de setembro de 2022 às 12h21.

Última atualização em 20 de setembro de 2022 às 12h28.

A doença de Alzheimer, que provoca a perda progressiva da memória, afeta mais de 30 milhões de pessoas em todo mundo e ainda não tem cura — lembraram especialistas na véspera do Dia Mundial dessa enfermidade.

O que é Alzheimer?

Descrita pela primeira vez em 1906 pelo médico alemão Alois Alzheimer, essa doença "neurodegenerativa" leva a uma deterioração progressiva das habilidades cognitivas até que o paciente perca sua autonomia. Entre os sintomas, estão esquecimentos frequentes, problemas de orientação, transtornos da função executiva (planejar, organizar, gerenciar o tempo, ter pensamentos abstratos), ou transtornos da linguagem.

Quantos sofrem da doença?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas em todo mundo sofrem de demência, sendo o mal de Alzheimer a forma mais comum: representa 60%-70% dos casos de demência, ou mais de 30 milhões de pessoas.

Prevê-se que o número de pessoas com demência triplicará até 2050, devido ao aumento de casos em países de renda baixa e média, de acordo com a OMS. Esta explosão vai aumentar a pesada carga social da doença sobre as famílias dos doentes e os sistemas de saúde.

Alzheimer e demência já estão entre as principais causas de incapacidade e de dependência entre os idosos.

Quais são as causas?

Embora o mal de Alzheimer seja a demência mais comum, suas causas e mecanismos precisos ainda são amplamente desconhecidos.

Dois fenômenos são consistentemente encontrados entre os pacientes de Alzheimer. De um lado, a formação de placas das chamadas proteínas amiloides, que comprimem os neurônios e acabam destruindo-os. De outro, um segundo tipo de proteína, conhecida como Tau, presente nos neurônios, acumula-se nos pacientes e também acaba causando a morte das células afetadas.

Não está claro, porém, como esses dois fenômenos estão relacionados. Também se desconhece o que causa seu aparecimento e até que ponto explicam a doença.

Cada vez mais se questiona a suposição, de longa data, de que a formação de placas amiloides é sempre um fator desencadeador da doença, e não a consequência de outros mecanismos.

Quais são os remédios?

Isso se deve, em grande parte, às dificuldades em encontrar os fatores desencadeadores da doença. Apesar de décadas de pesquisa, nenhum tratamento hoje permite curar, ou mesmo prevenir seu aparecimento.

O principal avanço há 20 anos é um tratamento do laboratório americano Biogen voltado para as proteínas amiloides. Obteve alguns resultados e foi aprovado para alguns casos pelas autoridades dos Estados Unidos. Seus efeitos são, no entanto, limitados, e se discute seu interesse terapêutico.

Quais são os fatores de risco? Como prevenir?

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina (Inserm) da França, o principal fator de risco é a idade: a possibilidade de contrair Alzheimer aumenta a partir dos 65 anos e dispara após os 80 anos.

Quando não controlados na meia-idade, fatores de risco cardiovascular - como diabetes e hipertensão - também se associam a uma maior frequência da doença, embora ainda não se saiba por quais mecanismos. O sedentarismo é outro fator de risco, assim como os microtraumatismos cranianos observados em determinados atletas, como os boxeadores.

Na direção contrária, estudar e ter uma atividade profissional estimulante, assim como uma vida social ativa, parecem retardar o aparecimento dos primeiros sintomas e sua gravidade.

Nesses casos, o cérebro se beneficia de uma "reserva cognitiva" que lhe permite compensar, pelo menos por um tempo, a função dos neurônios perdidos. Esse efeito estaria relacionado com a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade de adaptação do cérebro.

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