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Ucranianos tentam esquecer a guerra nas praias de Kiev

Capital da Ucrânia tem diversas praias de areia, geralmente lotadas nos meses de verão, quando temperaturas passam de 30°C

Tropas russas se retiraram dos subúrbios norte e nordeste de Kiev há três meses (AFP/AFP)

Tropas russas se retiraram dos subúrbios norte e nordeste de Kiev há três meses (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 4 de julho de 2022 às 11h39.

Última atualização em 4 de julho de 2022 às 11h39.

Ivan Sukhanov e sua família costumavam aproveitar o litoral ucraniano do Mar Negro. Neste ano, não passarão das margens do rio Dniepre, no coração de Kiev. A capital ucraniana conta com uma multidão de praias de areia, geralmente lotadas durante os meses de verão. Mas no primeiro fim de semana de julho, apesar das temperaturas próximas aos 30 graus Celsius, não há multidões nas praias.

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A cidade ainda vive a passos lentos, apesar das tropas russas terem se retirado de seus subúrbios do norte e nordeste há três meses para concentrar sua ofensiva na região do Donbass, no leste da Ucrânia. Em comparação com a chuva de bombas no Donbass e os ataques mortais no sul do país, Kiev agora está relativamente tranquila.

"Estamos nos acostumando", admite Sukhanov, engenheiro de 41 anos, quatro meses depois das tropas russas terem entrado em seu país em 24 de fevereiro. Por isso, quando soam as sirenes antiaéreas, "nós não vamos para os abrigos, não seguimos as normas de segurança... vivemos como podemos, esperando que tudo corra bem".

Mas a ansiedade de que o pior está por vir domina a vida cotidiana. Um míssil matou uma pessoa e feriu outras quatro em 26 de junho, em um bairro próximo ao centro de Kiev que já foi atingido outras duas vezes.

"Choro todos os dias"

Vera Sapyga também tenta desfrutar do tempo bom em uma praia de Kiev, mas não consegue esconder sua ansiedade. Retornou à capital há uma semana, depois de ter ido embora no primeiro dia da guerra para uma cidade do oeste da Ucrânia com sua filha de cinco anos. E já deseja partir novamente.

"É muito difícil", admite esta mulher de 37 anos. "Me preocupo muito com as sirenes e as notícias. Choro todos os dias. Nunca senti tanto estresse".

Planeja viajar com sua filha na próxima semana para Londres, onde se alojará com uma família que se ofereceu a acolher ucranianos. Este já é seu segundo exílio. O primeiro foi em 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia, onde ela e o marido moravam na época.

Se chegar à capital britânica, não sabe quanto tempo ficará. "É muito difícil planejar alguma coisa", suspira. Essa expressão é comum em Kiev, onde ninguém se atreve a prever por quanto tempo a guerra vai durar. A incerteza alimenta os "rumores incessantes" de uma nova ofensiva russa sobre a capital ucraniana.

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