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“Temos esse jeito esportivo porque somos a Montblanc”, diz diretor de relógios da marca

Laurent Lecamp fala sobre o principal lançamento do ano da manufatura, o relógio Iced Sea que pode mergulhar a 4810 metros de profundidade

Laurent Lecamp, diretor da divisão de relógios da Montblanc: storytelling com conteúdo (Montblanc/Divulgação)

Laurent Lecamp, diretor da divisão de relógios da Montblanc: storytelling com conteúdo (Montblanc/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 22 de abril de 2024 às 15h49.

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GENEBRA. Para o lançamento da linha de relógios esportivos Iced Sea, em 2022, a Montblanc divulgou um vídeo de Laurent Lecamp, diretor da divisão de relojoaria da marca, nas geleiras do Mont Blanc, em meio a uma nevasca, todo encapotado.

Não bastava falar dos novos modelos com inspiração nos glaciares da montanha mais alta da Europa. Na estratégia de apresentação dos novos relógios de aventura, era preciso estar lá.

Lecamp havia assumido o cargo um ano antes. É de sua autoria, portanto, a linha Iced Sea, que se tornou um grande sucesso da manufatura de origem alemã, que hoje pertence ao grupo Richemont.

Nesta última edição do Watches & Wonders, o mais importante salão de relojoaria do mundo, em Genebra, que este ano aconteceu entre 9 e 15 de abril, a Montblanc foi além com a coleção Iced Sea, ao apresentar um relógio capaz de aguentar 4810 metros de profundidade. Falamos com Lecamp durante o salão.

A Montblanc, e a manufatura Minerva, que deu origem à divisão de relógios da marca, têm muita história. O quanto o storytelling é importante para vocês?

Para mim, você não pode desenvolver nada sem uma história por trás. Imagine que você convida sua esposa ou seu marido para passar um final de semana, vai a um hotel normal, restaurantes normais, você não faz nada demais e volta. Mas se você vai a um hotel muito bonito, um lugar único, oferece flores durante uma cerimônia, é o mesmo final de semana, mas com outra experiência. A história é mais forte. Eu posso mostrar uma lanterna a você e dizer que ela foi fabricada na China. Mas seu eu mostrar a mesma lanterna, disser que estava comigo na Antártica e me salvou a vida, o que tem mais valor?

Como você aplica o storytelling nos relógios da Montblanc?

Quando eu cheguei aqui perguntei para o meu time: o que é o Mont Blanc? O Mont Blanc é o nosso logo, ok, mas o que significa? É a vista bruta da montanha, os glaciares. Eu disse: então vamos para lá. Meu time nunca havia estado nos glaciares. Passei muito tempo lá, fiz fotos de partes dos glaciares e disse que isso deveria ser o mostrador de um relógio. Por quê? Porque isso é parte da nossa história. Eu escolhi as pátinas dos mostradores de lá, as cores nos glaciares mudam ao longo dos dias, você tem reflexos nas cores preto, prata, verde.

Como vocês usam a imagem dos embaixadores para irem contando essas histórias?

Temos um mark maker (embaixador) que é mergulhador, o William Trubridge. Foi ele quem mergulhou mais fundo até hoje, 102 metros sem oxigênio. E temos outro embaixador, Reinhold Messner, que escalou as 14 montanhas mais altas do mundo sem oxigênio. Nós desenvolvemos um relógio com zero oxigênio dentro. Temos a linha 4810, que é a altitude do Mont Blanc. Então vamos conectando tudo isso, juntando essas histórias.

"Temos legitimidade para falar do Mont Blanc"

Um bom storytelling é suficiente para conquistar clientes?

Nós temos algo que ninguém tem, temos a legitimidade com o nosso nome. Outras marcas não podem vir aqui, se apropriar do nosso espaço. Somos a única marca com o nome do Mont Blanc. É uma história, mas têm de ser autêntica. Se a história não for autêntica, não podemos ser bem sucedidos.

Como vê os lançamentos da Montblanc deste ano em comparação ao de concorrentes?

Eu não vou mencionar nomes, mas algumas marcas também oferecem relógios de mergulho profundo como o Iced Sea 4810, mas com reserva de marcha de 60, 70 horas. Nós vamos para 120 horas, cinco dias. Também conseguimos fazer isso com um tamanho de caixa menor. A caixa deles é de 44, 45 milímetros, a nossa é 43,5 milímetros. Eles são certificados, nós somos certificados. E depois temos algo que eles não têm, o zero oxigênio, que evita oxidação, embaçamento. E a um preço muito competitivo, cerca de 40% menor. Estamos muito felizes.

Como foi o desenvolvimento dessas inovações?

Sempre é difícil fazer algo que ninguém fez antes.  Meu time me disse no início que não seria possível, seria difícil fazer os testes. Se você diz que não é possível, significa que é. Era possível. Eu sou afortunado, tenho as pessoas certas no time. E eles trabalharam muito no projeto, acreditaram nisso. E agora nós conseguimos. Com uma inovação como essa, temos uma limitação em termos de produção, em termos de testes. Esse é o nível alto para o Deep Sea.

Com os lançamentos mais recentes em relojoaria, principalmente com o Iced Sea, a Montblanc está se identificando mais com uma linha esportiva do que com modelos clássicos?

A Montblanc já teve diversas fases. Nós temos duas direções. Temos a linha esportiva, com o Iced Sea, o 0 Oxigen, e temos a linha 1858, mais clássica, sempre teremos esses produtos. Mas temos esse jeito esportivo porque somos a Montblanc. Se você quer subir o Mont Blanc precisa estar em forma. Temos nossos make makers, todos atletas, esse é nosso objetivo.

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