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Semana de Moda de Milão defende a diversidade e critica o racismo

A festa de moda italiana inicia com o primeiro desfile na capital da famosa marca Benetton, com uma coleção idealizada por Jean-Charles de Castelbajac

Giorgio Armani, estilista (Getty Images/Getty Images)

Giorgio Armani, estilista (Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 09h14.

A Semana de Moda feminina de Milão começa nessa terça-feira com um calendário de 60 desfiles, 81 apresentações e 33 eventos sob o estandarte da diversidade, da inclusão e da crítica ao racismo.

As grandes marcas de moda, entre elas Fendi, Prada, Giorgio Armani, Missoni, Moschino, Cavalli e Gucci, voltam às passarelas milanesas com suas novas coleções para o inverno, enquanto novos talentos se preparam para estrear.

A festa de moda italiana inicia com o primeiro desfile na capital da famosa marca Benetton, com uma coleção idealizada por Jean-Charles de Castelbajac.

Outro desfile que gera muitas expectativas é o da marca Bottega Veneta, com a primeira coleção assinada por seu novo diretor artístico, o inglês Daniel Lee, que trabalhou anteriormente na Celine.

Entre os recém-chegados, mas que como a Benetton têm mais de 30 anos de história no mundo da moda, está a Maison Martin Margiela, que elegeu Milão para apresentar a nova coleção de sua linha MM6.

Para algumas marcas, essa será uma oportunidade para esquecer os escândalos e as controvérsias que marcaram os últimos meses.

A Dolce e Gabbana, boicotada na China após a publicação nas redes sociais de três vídeos considerados racistas e sexistas, deseja conquistar a confiança dos compradores com uma mensagem a favor da inclusão.

O mesmo acontece com a marca de luxo italiana Prada depois que teve que retirar de suas vitrines de natal artigos de conotação racista.

Uma série de objetos exibidos em um mostruário da loja Prada do Soho nova-iorquino causou revolta nas redes sociais por aludir a caricaturas racistas conhecidas como "black face", rostos de negros com os olhos abertos e lábios grandes que, nos séculos XIX e XX, serviram para ridiculizar os negros, mostrando a eles como ignorantes, ingênuos e preguiçosos.

A também famosa marca Gucci teve que se desculpar pelas ofensas e erros pela venda de um capuz preto em sua última coleção que, para muitos observadores, se inspirou no temido grupo racista Ku Klux Klan.

Tomada de consciência

Além das desculpas públicas através de comunicados de imprensa e vídeos nas redes sociais, a passarela representa a verdadeira oportunidade para que as marcas demonstrem que "despertaram", novo termo para mostrar que tomaram consciência das injustiças e discriminações sofridas por boa parte da população mundial.

Como já é tradição, os desfiles e eventos aconteceram em diferentes pontos da cidade: desde museus, como o da Ciência e Tecnologia, passando por um monastério à disposição dos jovens estilistas, até o mercado do Fashion Hub, instalado nas antigas fábricas transformadas em espaços de exibição.

A famosa bolsa de valores servirá de cenário para os looks da Versace, assim como a escada lateral do Palácio Real na Piazza del Duomo.

Do famoso quadrilátero da moda, na Via Montenapoleone, os visitantes poderão passar por bairros remodelados, que em poucos meses serão palco do maior evento de design mundial, o Salão Internacional do Móvel e o Fuorisalone.

Mas a semana de moda milanesa é antes de tudo um mercado. Em 2018 o setor gerou um volume de negócios de 160 milhões de euros, segundo Carlo Capasa, presidente da Câmara Nacional da Moda Italiana.

Segundo as previsões, o crescimento do setor será reduzido ligeiramente em comparação com os anos anteriores, chegando a 1% em 2019 no lugar dos 2,5% alcançados nos anos anteriores.

As exportações de produtos "Made in Italy" são importantes, e nesse ano vão pesar as sanções e os impostos.

"As empresas do mundo da moda representam 12% do Produto Interno Bruto e dão trabalho a 700.000 pessoas", diz Capasa.

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